Ninguém sabe como o organismo da pessoa vai interagir com esse vírus, alerta infectologista

Boaventura Braz falou à RBC como a evolução da Covid-19 ocorre de maneira diferente em cada organismo e comenta a morte do prefeito de Goiânia, Maguito Vilela

Quase um ano após o surgimento da pandemia de Covid-19 os médicos já sabem lidar com a infeção causada pelo novo coronavírus, mas as sequelas que ficam no organismo ainda são imprevisíveis. O médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz apontou que essas sequelas são um mistério e, ao mesmo tempo, conhecidas de outras doenças.

“Um pulmão altamente comprometido dificilmente ele (o paciente) sai de uma doença como essa, viral, sem sequelas. E aí, com essas sequelas, facilita outros tipos de infecção, como as infecções bacterianas e fúngicas. Então, infelizmente, foi o caminho traçado para o Maguito (Vilela, prefeito de Goiânia)”, afirmou. Maguito faleceu nesta madrugada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em decorrência da Covid-19, depois de ficar internado por 83 dias.

Caminhos diferentes

Em entrevista concedida nesta terça-feira, 13, ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM, o infectologista ponderou que a Covid-19, de modo geral, pode traçar caminhos diferentes, ou avançar de forma diferente, dependendo do paciente. “Ninguém sabe como o organismo da pessoa vai interagir com esse vírus. Essa é a pior angústia que a gente vive quando está com a doença”, disse.

Acrescentou que a maioria das pessoas vai ter um quadro inflamatório típico do estado gripal. Mas tem pacientes em que o quadro evolui para uma resposta inapropriada do próprio organismo, o que é chamado de “tempestade imunológica”. Explicou que, nesse caso, o organismo se auto-agride, e agride inclusive o pulmão e outros órgãos, como o rim. Foi o que aconteceu com o prefeito Maguito Vilela, e que acontece com os casos mais graves de modo geral, declarou.

Ao fazer um rápido exercício estatístico, Boaventura Braz estimou que cerca de 80% da população brasileira ainda estejam suscetíveis à Covid-19. “Então, a interpretação é que hoje nós estamos numa guerra, e nós estamos desarmados, só ó vírus está armado. A nossa arma é uma vacina, e a melhor vacina é a que tivermos na nossa mão. Nesse momento, essa é a maneira que a gente tem que enxergar essa situação”, ressaltou.

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