Médico intensivista relata aumento de casos de Covid e condena falta de oxigênio

Profissional diz que o momento exige consciência e cuidados sanitários para evitar que o sistema de saúde chegue ao colapso em todo o País

O médico intensivista Antônio Aurélio Fagundes, especialista em pacientes de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), informou que o aumento do número de casos de Covid-19 após as aglomerações das festas de fim de ano já é uma realidade nos hospitais públicos e privados. Em entrevista ao TBC2 na noite de quinta-feira, 14, ele ressaltou que os registros de casos já vinham crescendo ao longo de dezembro e a situação piorou agora na primeira quinzena de janeiro.

Conforme disse, o crescimento dos casos de transmissões da doença, do número de diagnósticos positivos e das internações estão levando a um quadro crítico no tratamento da doença, o que contribui para elevar o número de mortes. “Esperamos que as pessoas tenham consciência e adotem cuidados sanitários e de isolamento, para reduzir a transmissão do vírus. Nossa expectativa é que esta onda crescente de contaminação não se prolongue. Precisamos estar atentos nas próximas duas semanas para ver se há agravamento ou melhoria deste quadro”, disse.

Falta de oxigênio

O médico Antônio Fagundes condenou a falta de oxigênio nos hospitais, como ocorre atualmente em Manaus, e explicou as consequências para os pacientes que deixam de usar este insumo vital. “É inimaginável tratar pacientes com Covid em UTIs sem oxigênio, principalmente nos casos mais graves”, enfatizou ele. E questiona: “por que faltou oxigênio? Porque o número de casos aumentou, forçando também as internações e o sistema entrou em colapso”.

Fagundes reforçou que a falta de oxigênio, na maioria dos casos, fatalmente levará o enfermo à morte. Quando isso não ocorre, podem ficar sequelas neurológicas graves pela falta de oxigenação do cérebro. Indagado sobre o uso do Ambu, aparelho usado para bombear manualmente o ar para os pulmões, o médico disse que além de ser inviável numa situação de hospitais cheios, com grande número de pacientes de UTI, ele também não resolve. “Ainda que fosse possível ambuzar os pacientes, isso não teria nenhum efeito. Seria oferecer o ar da atmosfera a um pulmão que já está comprometido, sem condição de retirar o oxigênio”, explicou.

Finalmente, Antônio Fagundes disse que a situação dos profissionais de saúde é crítica. “Há um nível de cansaço muito elevado de médicos intensivistas, enfermeiros e profissionais de apoio. Trabalham com estruturas sucateadas, com falta de equipamentos e medicamentos, agora agravado também pela falta do oxigênio. Segundo ele, o número de mortes por Covid em UTIs públicas é muito maior que nas UTIs privadas, conforme dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. “Isso é reflexo da falta de investimentos em recursos humanos, treinamento, equipamentos e insumos básicos nos hospitais da rede pública”, arrematou.

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