Especialista em trânsito avalia proposta da RedeMob de interdição dos terminais de ônibus urbanos da Região Metropolitana de Goiânia

Em entrevista à RBC, Marcos Rothen diz que a proposta é viável, mas primeiro é preciso liberar que todos os usuários com cartão eletrônico possam fazer a integração das linhas de ônibus

O mestre em Engenharia de Transporte e especialista em Trânsito, Marcos Rothen, considerou viável a proposta da RedeMob Consórcio, de interditar os terminais de ônibus da Região Metropolitana de Goiânia para conter a aglomeração de pessoas durante a pandemia da Covid-19. Mas salientou que primeiro é preciso liberar que todas as pessoas que tenham o cartão eletrônico possam fazer a integração das linhas, ou seja, usar dois ou três ônibus no intervalo de duas horas, ou duas horas e meia.

A análise do especialista foi feita durante entrevista concedida nesta quinta-feira, 9, ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM. O radiojornal foi apresentado por Ernesto Fleury e Luzeni Gomes. De acordo com Marcos Rothen, simplesmente acabar com o terminal sem expandir o cartão integração – que até existe, mas é pouco utilizado – seria inviável. “Mas à medida que você tiver todo mundo com o cartão integração e puder mudar de ônibus livremente, saindo da origem para o destino, aí sim (vai funcionar)”, argumentou.

Sistema integrado

O especialista afirmou que, no passado, os terminais permitiram um sistema integrado, onde os passageiros de qualquer lugar da cidade fossem para qualquer outro, pagando uma passagem só. “Mas hoje os terminais não são mais necessários como antigamente”, disse. Sobre a proposta da RedeMob, esclareceu que a integração das linhas de ônibus urbano não vai acabar. Será possível criar linhas diretas, como o Consórcio está sugerindo, o que porém é uma medida pequena, que não vai atender a população como um todo.

“O que precisamos permitir é que a pessoa escolha onde quer fazer a integração”, defendeu. Para ele, o certo seria poder fazer essa escolha, mas usando o cartão eletrônico que todo usuário tem para pagar a passagem, para poder fazer a integração livremente, onde quisesse. Dessa maneira, o terminal físico seria substituído pelo terminal virtual. Não é simplesmente acabar com o terminal sem dar continuidade à essa integração (das linhas), defendeu.

Conforme Marcos, no caso de adoção dessa mudança, a CMTC seria a responsável por divulgar a inovação entre os usuários. As informações deveriam estar nos pontos de ônibus e dentro dos próprios ônibus, pois se trata de uma mudança de hábito.

O especialista criticou ainda a forma com que a operação do transporte público é realizada atualmente nos pontos de ônibus e terminais da Região Metropolitana de Goiânia, sem acompanhamento e monitoramento adequados. “Aqui (a operação) é feita de uma maneira distante, e quem cuida do ônibus não sabe o que está acontecendo”, ponderou. 

Disse que o usuário fica perdido, sem informações sobre linhas de ônibus, por exemplo. E não se encontra uma pessoa da empresa (de transporte) no ponto ou no terminal para orientá-lo. “É uma ineficiência muito grande aqui em Goiânia, e nem tem como reclamar”, disse. Afirmou que as empresas do setor deveriam ouvir seus clientes, pegar sugestões deles, pois não se conhece a realidade dos passageiros e não se conversa com eles, até mesmo para esclarecer suas dúvidas.

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