Infectologista aponta dificuldades para controle efetivo da Covid-19

Falta de medicamento para tratar fase inicial da doença, surgimento de novas variantes, vacinação em ritmo lento e descuido da população com cuidados sanitários são fatores que favorecem a perpetuação do problema

Para o médico infectologista Marcelo Daher, o controle efetivo da Covid-19, de modo a que as atividades sociais e econômicas possam voltar minimamente ao normal, ainda vai exigir muito esforço do poder público, das autoridades de saúde, dos profissionais da área médica e da colaboração da população em cumprir as medidas sanitárias para reduzir as taxas de transmissão. Entrevistado no programa Boa Noite Goiás de terça-feira, 25, ele foi enfático ao afirmar que até agora a ciência sabe pouco sobre a Covid-19, o que exige mais estudos científicos, desenvolvimento de medicamentos eficazes e aceleração do processo de vacinação.

Marcelo Daher, que é também responsável pelo controle de infecção na Santa Casa de Anápolis e no Hospital de Urgências do município, disse que a possibilidade de uma terceira onda da Covid pode acontecer não por causa da variante indiana que chegou ao Brasil, mas porque o índice de vacinação ainda é baixo e boa parte da população não observa os cuidados sanitários como distanciamento social, uso de máscaras e higienização de mãos, além de promover aglomerações, situações que mantêm os índices de contaminação muito elevados. Além disso, ele lamenta a falta de medicamentos potentes, eficazes, para tratar a doença na fase inicial, o que reduziria o número de internações, agravamento dos casos e óbitos.

Conceitos errôneos

Ao longo do programa, Marcelo Daher respondeu a muitos questionamentos e esclareceu dúvidas dos telespectadores, principalmente sobre conceitos errôneos que muitas vezes são cultivados no imaginário das pessoas. Sobre vacinas, por exemplo, ele refutou a posição de alguns que se negam a ser imunizados, ou por medo ou por considerarem as vacinas ineficazes. Conforme disse, todas as vacinas são testadas e têm eficácia sobre a Covid, se não com garantia total, pelo menos para que os sintomas da doença sejam mais leves. Também explicou que febre, dor de cabeça, mal estar e outros sintomas são normais após a aplicação da vacina.

Sobre restrições em velórios de pessoas mortas pela Covid, o médico explicou que o risco não é em relação ao morto, mas na aglomeração das pessoas vivas, que são potenciais transmissoras do vírus, especialmente nos cumprimentos afetivos. Também foi questionado sobre porque os noticiários só divulgam mortes por Covid e se não morrem pessoas com outras doenças. Ele explicou que, há sim, mortes por várias outras enfermidades, acidentes de trânsito, assassinatos, etc. Porém, o foco principal recai sobre as mortes causadas pela Covid. Finalmente, Marcelo Daher, voltou a fazer apelo às pessoas para que mantenham os cuidados sanitários mesmo após a vacinação, principalmente para reduzir as taxas de contaminação.

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