Médica explica o caso de Maguito e reforça pedido de cautela
A médica pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira disse que, além dos pulmões, o novo coronavírus ataca também os rins e os músculos, entre eles o coração
Entrevistada hoje, 15/12, no programa O Mundo em Sua Casa, das rádios Brasil Central AM e RBC FM, pelos jornalistas Gil Bomfim e Paulo Henrique Santos, a médica pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira falou sobre as consequências provocadas pelo novo coronavírus, analisando o caso do prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela. Segundo ela, “é uma doença que falta um caminho longo para a gente conhecer bem todos os danos que ela causa” e também quais as consequências mais graves ao ser infectado. Chegou a classificar essa situação de loteria, sendo este um grande motivo para as pessoas respeitarem as regras de uso de máscara e distanciamento social, porque há pessoas mais jovens morrendo também em consequência da doença.
Ela situou algumas fases, sendo a inicial a da replicação viral, ou seja, a primeira semana, “em que os sintomas são decorrentes do vírus propriamente dito”. Depois disto, vem a fase inflamatória “em que o nosso organismo tem uma reação imunológica muito exagerada ao vírus e, como você mesmo disse no caso de Maguito, o vírus já não está mais lá, mas a reação inflamatória exagerada se perpetua, lesando exatamente os pulmões e prejudicando sua função, que é a da troca gasosa: levar o oxigênio pro sangue e eliminar o gás carbônico”. Nessa situação, disse, o pulmão perde essa capacidade, por isso veio a necessidade do ventilador para ajudar o pulmão a funcionar. Sobre o percentual de comprometimento, explicou que aponta o quanto o pulmão está inflamado.
Predisposição genética
Disse também que já está comprovado que esse vírus tem preferência por alguns órgãos, não só os pulmões, mas também rins e os músculos e por isso as pessoas se queixam de dores musculares nas pernas e no tórax. “É bom lembrar que temos feito avaliações cardíacas de pacientes que se recuperaram, mas que ainda ficam com alguns sintomas, porque o nosso coração é um músculo e existem casos de complicações cardíacas”, explicou.
Sobre a possível predisposição genética de Maguito, que perdeu duas irmãs idosas para a Covid-19, a médica Fernanda Miranda confirmou que é uma hipótese que os pesquisadores têm falado, mas que os estudos ainda não são conclusivos. “Isso ainda não é confirmado. Acredito que nos próximos anos vamos saber mais sobre isso, mas é uma possibilidade”, assinalou. Ela reforça o coro dos médicos que pedem que as pessoas não relaxem nas medidas de prevenção, como o uso de máscara e o distanciamento. “Isto provoca um aumento do número de casos”, observou. Além do mais, reforçou, essa doença “é também uma loteria e isso complica mais ainda, porque você não sabe qual será sua reação. Sou da opinião de que é melhor não ariscar”.
ABC Digital