Infectologista critica decisão do Ministério da Saúde de liberar vacinação emergencial somente para grupos de risco

Boaventura Braz declarou à RBC que, como a previsão é de imunizar somente 25% da população, os outros 75% continuarão sem proteção contra a Covid-19 em 2021

Uma parcela significativa da população brasileira, equivalente a 75% do total, continuará sem proteção contra a Covid-19 no próximo ano, caso o Ministério da Saúde mantenha a decisão de liberar emergencialmente a vacina somente para o pessoal da saúde e os grupos de risco, e não autorizar que clínicas particulares trabalhem com as vacinas contra a doença nesse primeiro momento.

O médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz considerou essa medida “uma aberração”, conforme afirmou em entrevista concedida nesta sexta-feira, 4, ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM. O radiojornal foi apresentado por Gil Bomfim e Paulo Henrique Santos.

“Nós estamos tendo um comportamento, do ponto de vista governamental da parte do Ministério da Saúde, de um governo autoritário, porque a pessoa que não se enquadrar naquilo que o governo pretende vacinar, tudo bem. Agora, o governo impossibilitar as pessoas (de) procurar, com recursos próprios, o meio de se vacinar, eu pessoalmente acho isso um absurdo num país democrático”, desabafou o médico.

Cenário desanimador

Boaventura apontou o cenário que está se configurando no Brasil, diante da distribuição da vacina por parte do governo, e somente dele. “Só teremos a normalidade precedente dessa pandemia em 2022, porque até o fim de 2021, na melhor das hipóteses, teremos 25% da população vacinada. Ou seja, teremos 75% da população ainda sem proteção”, alertou.

Ele defendeu que o governo federal possa liberar todas as vacinas disponíveis que forem autorizadas pela Anvisa. E que as pessoas que têm interesse em se vacinar na rede privada possam fazê-lo. “Mais do que nunca, estamos na condição de manter os protocolos de proteção individual e evitar aglomerações durante esse ano de 2021”, afirmou. Segundo ele, essa vai ser a norma do dia a dia da maioria das pessoas, pois no Brasil não haverá a vacinação em massa, como em outros países.

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