Um espaço de história e natureza: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

O primeiro parque para conservação natural do mundo foi Yellowstone, nos EUA, em 1872. 90 anos depois, Goiás recebe os seus parques nacionais, pensados para atender a população de Brasília

Os parques nacionais são espaços que estão para além da ideia de conservação do meio ambiente, pois eles têm ao seu redor interesses e atenções dos mais diversos grupos. Goiás possui algumas unidades de conservação muito singulares, que são consideradas importantes em nível internacional, tendo sido incluídas pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. Uma delas é o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Localizado na região nordeste do estado de Goiás, o parque está numa das regiões de ocupação mais antiga do estado. No primeiro mapa que apresenta maior detalhamento da região da então província de Goiás, no século XVIII, a área do parque era chamada de “Chapada de Cavalcante”, referência à povoação mais próxima. Durante esse período, toda a região teve na produção de ouro e na agricultura de subsistência o motor de sua exploração econômica, sendo bastante notável a produção de trigo, já que é uma zona mais alta e que pode atingir temperaturas mais amenas. Até o final do século XIX, era essa a “vocação” da região que, isolada dos grandes centros, se via vinculada ao consumo local do que produzia e a um pequeno comércio regional, com partes da Bahia e do que hoje é o estado do Tocantins.

No início do século XX essa vocação muda, visto que se descobrem grandes jazidas de quartzo que passam a ser exploradas à exaustão para alimentar a nascente indústria de telecomunicações, especialmente no período da Segunda Grande Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, então capital do país, vai amadurecendo o pensamento e as ações de conservação da fauna e flora, com a criação do primeiro parque nacional do Brasil: o Parque Nacional de Itatiaia em 1937, na serra da Mantiqueira, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Alguns parques vão sendo criados posteriormente, entre eles o do Iguaçu e da Serra dos Órgãos , respectivamente no Paraná e no Rio de Janeiro.

A exploração de quartzo começa a entrar em declínio com o desenvolvimento de uma espécie de “quartzo artificial” que prescindia da extração da rocha, mas a região passa por uma grande transformação: a efetivação do “artigo 4º da Constituição de 1946” que versava sobre a transferência da capital federal para o Planalto Central. Com a construção de Brasília, surge também O Serviço Floresta – avô do Ibama e do ICMBio – que gerencia a instalação em 1961 do “Parque Nacional do Tocantins”. Em 1972, o parque tem seu nome modificado para “Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e seu tamanho é reduzido, devido à dificuldade do Estado brasileiro de indenizar os moradores da região.

Esse parque, assim como outros criados na mesma época, tinha uma grande preocupação com a “beleza cênica” que deveria ser conservada, assim como com a possibilidade de ser um espaço de lazer para os habitantes da nova capital. Porém, essa visão acabou por gerar conflitos com as populações dos arredores do parque, que se viram obrigados a transformar seu modo de vida, posto não poderem exercer suas atividades tradicionais na região do parque.

O cerrado onde o parque está incluído foi declarado “Patrimônio Natural da Humanidade” em 2001 e passou a fazer parte da lista de espaços protegidos pela UNESCO, isso acabou por trazer maior atenção e recursos para região, fortalecendo o engajamento das populações locais no desenvolvimento de um turismo sustentado pela ecologia e a vivência com a natureza e a história ali presente.

Hoje o parque da Chapada dos Veadeiros é um dos espaços mais destacados em Goiás no ecoturismo, que faz da região do nordeste goiano um núcleo desse tipo de vivência única, que marca a identidade da região e também de um modo de ver o Brasil como um todo.

Givaldo Corcinio – ABC Digital

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