Goiás Turismo lançará campanha de conscientização para que o turista não vá ao Araguaia nesta temporada
Em entrevista à RBC, presidente Fabrício Amaral pede a compreensão dos goianos; alega que medida visa proteger a vida dos ribeirinhos, população e comunidade indígena da região
O presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, informou que, no início da próxima semana, será lançada campanha de conscientização pedindo aos goianos que permaneçam em casa neste período de férias escolares de julho, e não visitem o Rio Araguaia, como ocorre todos os anos. Também haverá na região uma posição mais ostensiva do Governo do Estado, com aplicação de multa e até o encaminhamento à delegacia, se necessário. Isso para que seja cumprido o decreto que proíbe a aglomeração de pessoas no Vale do Araguaia, para evitar a propagação da Covid-19.
Fabrício concedeu entrevista nesta sexta-feira, 26, ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central e RBC FM. Ele conversou com os apresentadores Jerônimo Venâncio e Lucas Nogueira sobre como foi planejada a fiscalização na região do Araguaia. “Há mais de dois meses temos conversado com os prefeitos da região, externando nossa preocupação. Os números (de casos da doença) são muito preocupantes e aquela região é muito precária em saúde pública”, argumentou.
Foram convidados os Ministérios Públicos Estadual e Federal, a Secretaria do Patrimônio da União, a Marinha; e com atuação também da Polícia Militar Ambiental, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria do Meio Ambiente (Semads) e da Goiás Turismo. Fabrício Amaral contou que foram traçadas várias estratégias com o Mato Grosso, já que a região faz divisa com aquele Estado, no sentido de coibir aquilo que for necessário, para evitar aglomerações.
Medidas
Serão adotadas medidas administrativas, como barreiras sanitárias (no acesso às cidades turísticas do Araguaia) e atuação nos bancos de areia, nas praias, “tão especiais” do rio. Nas praias haverá ação mais efetiva de equipes da Polícia Ambiental e da Semads, inclusive com a aplicação de multas. Explicou que não poderá ter nenhuma estrutura nos bancos de areia, como tendas e barracas, conforme determinação do Ministério Público. “Estrutura zero”, reforçou. Porém, será permitido às pessoas descerem de canoas ou barcos para fazer uma volta na praia, desde que isso não configure aglomeração.
“O governador determinou e não temos a intenção de constranger quem está com seus filhos aí (nas praias do Araguaia). Mas ao mesmo tempo, se configurar uma aglomeração com intuito de festa, com um pouco mais de pessoas, a gente vai ser obrigado a agir”, afirmou. Ponderou que, orientando, as pessoas, com certeza, elas vão colaborar.
Citou que, no caso de quem tem casa em Aruanã – e são mais de 2 mil casas de veraneio no município –, o decreto estadual, inclusive com recomendação do Ministério Público, permite solicitar a documentação que comprove o vínculo da pessoa com o imóvel “Isso será permitido, é um direito dele (do proprietário)”, declarou. Mas avisou que aluguéis de casas serão fiscalizados.
Conforme Fabrício, o Araguaia terá um tratamento diferenciado em relação a outras cidades turísticas, como Caldas Novas e Pirenópolis, onde a decisão ficará a cargo dos prefeitos locais. Isso porque a região do rio depende muito da atuação do Estado e, portanto, será alvo de uma atuação mais contundente.
“Infelizmente, é a temporada de férias dos goianos, mas a saúde nossa é muito mais importante”, alegou, se referindo principalmente aqueles que vivem na região do Araguaia, e são muito mais vulneráveis ao novo coronavírus: ribeirinhos, comunidade indígena, pessoas que não têm o mínimo acesso à saúde pública. Ele defendeu “ter o senso de responsabilidade” neste momento de pandemia. E prometeu que, no próximo ano, Goiás terá a Temporada do Araguaia mais linda de sua história.
ABC Digital