Professor da UFG diz na RBC que flexibilizar agora no pico da pandemia da Covid-19 é correr um risco muito grande

Professor José Alexandre informou que a flexibilização em outros países se deu quando o pico da epidemia já havia passado, mas no Brasil está se dando justamente no pico e assim as consequências serão ruins

Professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Alexandre Filizola Diniz Filho disse hoje no programa O Mundo em Sua Casa, das rádios Brasil Central AM e RBC FM, aos apresentadores Jerônimo Venâncio e Rafael Mesquita, que flexibilizar agora, promovendo a abertura de comércio e outras atividades, é um risco muito grande para a proliferação da pandemia da Covid-19 no Brasil e em Goiás. Para ele, não temos condições de flexibilizar e monitorar, controlar e isolar os casos de pessoas infectadas, porque não há condições de logística, de recursos humanos e financeiros para fazer isso. “Flexibilizar agora, enquanto a pandemia está crescendo, será arriscado”, observou. 

Afirmou que a flexibilização que ocorreu em outros países se deu após o pico da pandemia, quando os casos começaram a se reduzir, inclusive os de óbitos. Disse ainda que a quarentena aqui foi realizada cedo e não surtiu efeito que se esperava. “Em Goiás foi efetiva e surtiu resultado. Mas a gente está vendo um crescimento agora. Então, é difícil a gente falar em flexibilização e retorno durante a fase de crescimento da pandemia, como está ocorrendo.

Observou que, nos nossos parâmetros, o número reprodutivo de transmissões médias que acontece na população é em função do isolamento social. “A gente consegue validar essa estimativa, a partir do crescimento do número de casos. O nosso número reprodutivo já está muito alto, ou seja, o isolamento está muito baixo. Já está muito flexível e pouco isolado. A gente vai ter que aguardar de 15 a 20 dias para começar a ver se vai ter efeito”. 

Com a flexibilização que está se falando que haverá, segundo ele, a expectativa é a de que os protocolos funcionem: “É expectativa e não análise científica epidemiológica. O problema dessa estratégica é que demora muito. A medida que a gente sabe que funciona é o isolamento. Se os protocolos ajudam a baixar o número de infectados, é discutível. Muitos estados que fizeram isso tiveram que voltar depois da flexibilização”.

José Alexandre confirmou que outros países flexibilizaram enquanto a epidemia estava diminuindo e que o Brasil é o único país que está flexibilizando enquanto a epidemia cresce. “Se você flexibiliza hoje, o impacto disso só vai aparecer daqui a 20, 25 dias, porque demora o tempo de incubação, de apresentação da doença e de exame. Para flexibilizar, precisaria de testes em massa muito bem feitos, monitoramento e controle dos casos que aparecerem, isolar os casos e os contatos deles. Assim você conseguiria controlar. Não acredito que tenhamos no Brasil e em Goiás logística para fazer isso, nem recursos humanos e nem financeiros para fazer uma flexibilização bem controlada”, sentenciou.

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