Diretor do Conselho de Farmácia fala ao TBC 1 sobre a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19
Medicamento que tem gerado polêmica no país, a cloroquina tem sido testada em alguns pacientes, mas ainda carece de comprovação clínica para uso geral
A hidroxicloroquina é um medicamento já usado no tratamento das chamadas doenças autoimunes, mas entrou em evidência nos últimos dias como possível arma no tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Diretor do Conselho Regional de Farmácia de Goiás, Daniel Jesus de Paula, falou nesta segunda-feira, 13, ao TBC 1 sobre o medicamento, suas aplicações, potenciais e riscos que estão sendo pesquisados para uso médico contra a nova pandemia.
Segundo Daniel Jesus de Paula, apesar de estar sendo muito difundida agora, a hidroxicloroquina não é uma droga nova. Ela vem sendo utilizada há muito no tratamento de doenças como malária, artrite e lúpus, entre outras. “Só a partir da década de 90, começou-se a observar que a substância apresentava boas respostas laboratoriais em testes contra chikungunya, dengue e outras viroses. Agora, e já com esse histórico de uso, algumas pesquisas para o coronavírus passaram a incluir a cloroquina com potencial de tratamento”, disse.
O especialista diz que a droga age modificando o ambiente celular do paciente, inviabilizando a reprodução do vírus. “O coronavírus não tem célula, ele usa células do sistema imune da pessoa para continuar se reproduzindo. O que a cloroquina faz é alterar esse ambiente celular, afetando a capacidade de reprodução do vírus no organismo e isso tem contribuído para a melhora de alguns pacientes”, disse Daniel Jesus de Paula para, em seguida, fazer uma ponderação.
De acordo com ele, esse tipo de tratamento ainda está em estudos pré-clínicos, liberado pelo Ministério da Saúde apenas em alguns casos, de moderado a grave, e com estrito acompanhamento médico. “Um medicamento precisa passar por várias etapas de estudos e testes, é óbvio que não temos esse tempo agora. É como se você estivesse trocando o pneu com o carro rodando. Há um estudo preliminar indicando essa atividade da droga, mas a total segurança, a dosagem ideal, a que mais compensaria o risco-benefício, tudo isso está sendo estudado ainda”, afirmou o dirigente do CRF-GO desestimulando o uso do medicamento, especialmente sem orientação médica.
A jornalista Eva Taucci lembrou na entrevista que tem havido uma corrida às farmácias em busca do medicamento. Para Daniel Jesus de Paula, esse tipo de comportamento, além de arriscado para a própria saúde, tem deixado sem o medicamento os pacientes de outras doenças, que já utilizam a droga regularmente. “A cloroquina ainda não é a solução, não é a cura para esse tipo de pandemia, o medicamento pode vir a ser um atenuador da doença, mas nunca deve ser usado sem orientação médica”, observou.
Ao final, ele respondeu a algumas perguntas enviadas pelos telespectadores.
Você confere a entrevista na íntegra:
ABC Digital