Na RBC, Lúcia Vânia fala das dificuldades e avanços da luta feminina e critica os partidos políticos

Secretária Estadual de Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia, nos estúdios da Rádio Brasil Central

Segundo Lúcia, ainda vivemos em uma sociedade muito machista e isso se reflete nos partidos políticos também, que “são anacrônicos”

Nas comemorações dos 70 anos da Rádio Brasil Central AM, o programa O Mundo em Sua Casa recebeu hoje, 9, a secretária Estadual de Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia, que falou sobre os avanços que as mulheres já conseguiram na política e na sociedade, apesar de ainda muito pequenos. Ela não poupou críticas à sociedade machista que impera ainda no mundo de hoje e disse que a grande dificuldade da política atual “é que temos partidos que são anacrônicos, estão envelhecidos e as pessoas se julgam donas dos partidos”.

A entrevista foi concedida aos apresentadores Gil Bonfim e Augusto César e ao comentarista Lehninger Mota. Lúcia elaborou uma espécie de cronograma de avanços conseguidos pelas mulheres desde a Constituição de 1988, na qual trabalhou como uma das 29 mulheres constituintes. Observou que ali já se elaborava uma série de artigos sobre as relações intrafamiliares e que mais tarde se chegou à Lei Maria da Penha.

Afirmou que difícil é a mudança estrutural, especialmente em uma sociedade machista. “Mesmo na interpretação, o Poder Judiciário, comandado muitas vezes por setores conservadores, faz uma interpretação da lei de forma mais amena e nos prejudica enormemente”, assinalou, observando ainda que outro fator é o de que a mulher tem muito receio de denunciar, “porque ela olha primeiramente os filhos e fica pior, principalmente se ela não tem condições de manter os filhos”.

Lúcia Vânia acha que a sociedade precisa de avanços e para isso é importante mobilizar a sociedade. “A Lei Maria da Penha já mudou para melhor, mas enfrentamos um número grande de feminicídios, o que envergonha a sociedade brasileira”, sentenciou. Afirmou que a luta é por uma maior inserção da mulher na atividade política, que ainda é muito machista, competitiva e agressiva, afastando um pouco a mulher.

Partidos machistas

A secretária Lúcia Vânia, que tem uma considerável atuação na política, como deputada e senadora, afirmou também que a luta para inserir a mulher na política sempre foi muito grande. “Primeiro, a questão das quotas, depois trabalhamos a participação nos programas eleitorais, conseguimos que uma parte dos recursos fosse destinada às mulheres. Mesmo assim acharam forma de contornar tudo isso”, observou. 

De acordo com ela, a luta é para desestruturar esses partidos que estão constituídos de “forma antidemocrática”. Disse ainda que eles “são fechados e muito espertos, porque criam segmentos paralelos”. Segundo Lúcia, “os grandes partidos têm o MDB Mulher, o PSDB Mulher. Enquanto eles criam esses segmentos, as mulheres ficam alijadas da estrutura central do partido sem direito a voz e a voto. Chega no período eleitoral, elas não têm condições de se impor diante da competição que se forma ali em torno da vaga e do espaço”. Sentenciou que é grande também a dificuldade de dinheiro para as campanhas.

Violência contra mulher

Lúcia Vânia acha também que a quebra do viés machista se dá na educação. “A gente já avançou muito nas questões de educação e comportamento, por exemplo, e eles devem ser comemorados”, mas pregou que não se deve se acomodar. Explicou ainda sobre o Pacto Pelo Enfrentamento À Violência Contra as Mulheres que é nacional, começando no governo federal e contou com sensibilidade do governador Ronaldo Caiado, que recebeu aqui a solicitação para a adesão ao pacto. “Quando eu entrei, levei em frente. Alertei o governador para assinar o pacto e ele foi muito sensível para a questão. Convocamos a sociedade, tivemos uma adesão expressiva dos meios de comunicação, das igrejas, associações empresariais e instituições de toda ordem”, discorreu.

Argumentou que essa questão envolve toda a estrutura familiar e está arraigada no ditado de que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’. “Na constituição, nós abrimos esse espaço para que o Estado pudesse interferir nessas relações intrafamiliares. O governador entendeu que precisávamos mobilizar a sociedade para ajudar a quebrar esse viés machista que ainda permeia toda nossa sociedade”, explicitou. Segundo ela, o pacto teve ações concretas com medidas nas áreas de segurança, educacional, indo nas escolas, e social. De acordo com Lúcia Vânia, as ações estão sendo replicadas nos municípios goianos e isso a tem deixado muito contente: “Estou otimista de que esse assunto faça parte da agenda dos prefeitos e das primeiras-damas”.

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