Pesquisa da UFG analisa saúde da população quilombola em Goiás

SES é parceira no estudo de aspectos que impactam saúde dos kalunga. Dados de doenças como Chagas e leishmaniose, relacionadas a determinantes sociais, vão orientar políticas públicas

Representantes da UFG e SES apresentam resultado de pesquisa nas comunidades kalunga

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) participou da apresentação dos resultados do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Agroecologia e Saúde da Universidade Federal de Goiás (Nepeas/UFG), realizado no Câmpus do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) de Campos Belos, nos dias 7 e 8 de março. A SES-GO é parceira no desenvolvimento da investigação, realizada desde 2021 nas comunidades tradicionais quilombolas goianas, intitulada Determinantes Sociais da Saúde e Qualidade de Vida de Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado de Goiás: uma Pesquisa-Ação.

O trabalho tem como foco as comunidades quilombolas Kalunga, localizadas nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, na microrregião da Chapada dos Veadeiros, ao norte do Estado, e foi coordenado pela Profa. Dra. Fabiana Ribeiro Santana, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG).

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, as informações vão auxiliar na construção de políticas públicas efetivas. “Algumas pesquisas são feitas e não voltam para a comunidade. O que queremos, ao participar como parceiros, é justamente que seja diferente”, garantiu a superintendente.

“Temos como obrigação construir as políticas a partir da pesquisa e em conjunto com a população. Algumas doenças são muito características dessa região como Chagas, Hanseníase e Leishmaniose e possuem determinantes sociais, ou seja, aspectos envolvidos na forma como a comunidade vive. Então queremos traças as melhores formas de trabalhar o controle dessas doenças”, avaliou a superintendente.

O coordenador de Promoção da Saúde da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) e membro da equipe organizadora do evento, Hamilton José Amorim Rezende, explica que a pesquisa utilizou várias estratégias. “Com abordagem quanti-qualitativa, a pesquisa realizou estratégias diversificadas de coleta de dados, com o objetivo de analisar a situação de saúde geral e a qualidade de vida em comunidades quilombolas, bem como alcançar resultados que tragam informações importantes para a elaboração de políticas de promoção da equidade em saúde, por parte do poder público.”

Retorno para comunidade
O Nepeas/UFG, a SES-GO, o CES, o CEBES GO, a Catrapovos Goiás, a OPAS/OMS e o Ministério da Saúde ministraram oficinas para a população, como devolutiva. A ação faz parte do compromisso dos pesquisadores em trazer para a comunidade o conhecimento produzido a partir da pesquisa. Na manhã da quinta-feira (07/03), foram realizadas três oficinas: Estratégias de Redução de Danos de Álcool e outras Drogas no Território Quilombola, Participação Popular e Controle Social no Sistema Único de Saúde e Catrapovos Goiás: Soberania, Segurança Alimentar e Nutricional no Nerritório Quilombola.

No final, os participantes acompanharam a exposição de desenho da artista kalunga Josivânia Francisco dos Santos. Nesta sexta-feira (08/03) os resultados da pesquisa foram apresentados para autoridades locais e comunidade, no auditório do IF Goiano.

Patrimônio cultural brasileiro, as comunidades quilombolas dos municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás foram certificadas, no ano de 2005, como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares, sob garantia do Artigo 216 da Constituição Federal de 1988.

Riva Kran (texto e foto), com informações da Fundação Cultural Palmares e do Relatório Nepeas/IPTSP/UFG.

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