Perícia derruba versão de assalto seguido de morte e empresário é indiciado pelo assassinato da esposa grávida
A Polícia Civil de Iporá divulgou ontem (04.10), o resultado da investigação que apurou as circunstâncias da morte da representante comercial Vanessa Camargo, em 31 de julho deste ano, naquela cidade. Para a polícia, o autor do crime é o marido da vítima, Horário Rozendo de Camargo Soares.
Após pouco mais de dois meses de investigação, através de um inquérito policial com três volumes, materializado em 600 páginas, foi finalizado o procedimento administrativo de investigação em torno do crime, com um resultado conclusivo: o marido foi o único responsável pela morte da esposa.

A investigação contou com dois delegados de polícia e seis agentes, que trabalharam exclusivamente neste caso. Também fizeram parte da investigação sete peritos criminais e um médico legista, da Polícia Técnica Científica. Foram produzidas mais de 40 provas materiais, isso em um crime onde não houve testemunha ocular. “A principal testemunha nesse crime é a prova”, diz o Delegado de Polícia Ramon Queiroz, que conduziu a investigação.
Segundo o Delegado, o papel da polícia, dos médicos legistas e da perícia especializada foi de crucial importância para a conclusão correta do caso “Tem-se que ressaltar o brilhantismo da perícia técnica em desvendar os mistérios e recriar a história, chegando o mais próximo possível da verdade, construindo provas suficientes para um crime que não tinha testemunhas, pois das três pessoas envolvidas, uma foi morta, a outra, o filho do casal tem apenas 1 ano e 8 meses e ainda não fala, e Horácio, que dizia ser vítima, tanto quanto Vanessa, já que segundo o mesmo teria ficado sob a mira de assaltantes.”

Para a Polícia, toda a história narrada por Horácio, de que motoqueiros abordaram o casal é inverídica. A Reprodução do Crime mostrou a impossibilidade da abordagem de uma moto a um veículo, numa rodovia, a 110 km por hora. Análise de mais de 18 horas de imagens de câmeras de segurança mostraram que não houve qualquer perseguição ou acompanhamento do veículo.
A reprodução conseguiu demonstrar ainda a impossibilidade de os ocupantes do veículo sequer visualizarem uma arma de fogo naquele horário, estando os vidros fechados e tendo esses insulfilme escuro. “Mal dá para ver ocupantes da moto.”
Vítima estava tranquila e confortável
Laudos periciais demonstraram que Horácio não esteve no banco de trás e muito menos no assoalho do veículo. Para a polícia essa afirmação dele foi apenas para justificar o fato do tiro ter sido disparado por quem estava a esquerda de Vanessa. A perícia conseguiu ainda demonstrar na investigação que Vanessa estava em total posição de conforto quando fora morta, com os pés cruzados e com a cabeça no encosto do banco, virada para a porta. Horácio havia afirmado que Vanessa teria discutido muito com o assaltante e que por isso teria sido alvejada. O laudo pericial consegue mostrar que Vanessa sequer viu quando foi alvejada.

Sobre a motivação do crime, não ficou evidenciado qualquer relacionamento extraconjugal. Exames comprovaram que a mulher estava grávida de uma menina e que o marido era o pai do bebê.
Para a policia civil a motivação está ligada a fatores pessoais: o casal não vivia bem e Vanessa teria dito para pessoas mais próximas que iria se separar de Horácio. Ele teria, inclusive, comunicado a intenção ao marido, mas teria desistido da ideia ao descobrir que estava grávida novamente. A polícia acredita que a motivação do crime é financeira, uma vez que, devido a uma apólice de seguro, o marido receberia R$ 200 mil, caso a esposa falecesse.
Sem sentimentos
Especialista em neuropsicologia da Polícia Técnica conseguiu, em laudo pericial, traçar o perfil psicológico de Horácio. Tal exame foi requisitado, justamente para tentar entender a tamanha frieza e calma que sempre foi presenciada pelos investigadores por parte de Horácio. Foi constatado nenhum sentimento de afeto pela esposa e nenhum sofrimento psíquico/emotivo ao falar do assunto.
A investigação Policial é apenas a primeira parte da persecução penal, que agora ficara a cargo do Ministério Público e do Poder Judiciário. O Delegado de polícia agradece o empenho efetivo de sua equipe em solucionar esse caso que abalou a cidade de Iporá, bem como a Polícia Técnica Cientifica, que trabalhou com muito empenho sempre que requisitada.
Fonte: Jornal Oeste Goiano
Edição: Luciana Brites


