Caso Mateus: perícia constata velocidade do golpe do cassetete
O laudo de uma perícia feita pelo Instituto de Criminalística (IC) de Goiás concluiu que o golpe de cassetete dado pelo capitão da PM Augusto Sampaio atingiu o estudante Mateus Ferreira, de 33 anos, a mais de 108 km/h. A agressão ocorreu em abril, durante um protesto, em Goiânia.

O documento aponta que o militar agrediu outro manifestante segundos depois e pondera que, apesar de Mateus não ter participado dos atos de vandalismo na ocasião, agiu de forma a “orientar o fluxo” e mantinha o rosto coberto “em coesão com os demais manifestantes do grupo”.
A análise foi feita, em grande parte, pelo perito criminal Rafaello Virgilli, da Seção de Áudio e Vídeo da SPTC. Ele se baseou em vídeos e fotos feitos durante o protesto para chegar às conclusões. Os peritos Ricardo Henrique Teixeira Bittencourt, Lucas Alcântara e Thyago Sousa Mendes também participaram do elaboração do documento.

Acerca da velocidade em que o cassetete atinge o estudante, o perito Rafaello Virgilli levou em conta o movimento do antebraço do corpo de quem manipula o bastão, aumentando a velocidade impressa ao cassetete, além de cálculos matemáticos.
Os profissionais salientam ainda que são adotadas “simplificações”, mas que elas foram usadas afim de obter um “valor menor do que no caso real” e, portanto, “a velocidade real é, muito provavelmente, maior que 108 km/h“.
Outra agressão
Imagens que constam no relatório mostram que logo após atingir Mateus, Sampaio avança sobre outro manifestante que está com o rosto encoberto. Exatamente 214 segundos depois, ele usa dá golpes com o mesmo cassetete, além de chutes no rapaz, que cai no chão.
Apesar dos atos, os peritos ponderam que não é possível fazer juízo de valor se o militar agiu “no calor dos ânimos” ou que é possível inferir qualquer opinião sobre a intenção dele em acertar o estudante.
Ainda sobre a questão, explica-se que a perícia “não tem por finalidade realizar inferências sobre vontade, intenção ou objetivo” e que o estudo “se restringe a explicitar e analisar eventos que tenham sido, de alguma forma, materializados“.

Vandalismo
O laudo descreve que na tarde de 28 de abril, dia do protesto, vários manifestantes encapuzados se concentraram em frente a um carro de som, sendo que um deles coloca um artefato explosivo ali próximo, que explode em seguida. Eles realizam “ações coordenadas” e queimam bandeiras e fazem barreiras de escudos improvisados.

Também foram percebidos confronto com as forças policiais em vários momentos. Em alguns momentos, os manifestantes aparecem jogando pedras, paus e outros objetos contra a corporação.
Sobre a participação de Mateus, o laudo constatou que ele “não participou das ações coordenadas” de vandalismo. No entanto, é possível vê-lo gesticulando de forma a “orientar o fluxo dos manifestantes, caminhava próximo ao grupo em ações de vandalismo e mantinha o rosto encoberto, em coesão com os demais manifestantes do grupo”.
A matéria completa está disponível no G 1 ou aqui: https://glo.bo/2xWci4y
Edição: Luciana Brites


