PC indicia quatro pessoas por participação na morte de advogados, em Goiânia

Fábio Lima

Crime teria sido motivado por questões relacionadas a disputas de terra, em que as vítimas advogaram em desfavor do suspeito de ordenar o crime.

A Polícia Civil de Goiás concluiu as investigações sobre a morte dos advogados Marcus Aprígio Chaves, de 41 anos, e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis, de 47, em Goiânia. Ao todo, quatro pessoas foram indiciadas. Três delas, incluindo o homem apontado como executor, um dos intermediários e o mandante, por duplo homicídio. Já a namorada de um dos suspeitos foi indiciada pelos crimes de favorecimento pessoal e favorecimento real, como apontou o delegado Rhaniel Almeida, que presidiu a apuração policial.

“Após todo o trabalho de investigação, extração de dados de celulares, dados de inteligência, a gente entendeu que ela só teve participação após os delitos. Esses que foram indiciados pelos homicídios, são penas máximas de 30 de reclusão, para cada um dos homicídios. Além disso, o executor foi indiciado pelo crime de roubo, porque ali na dinâmica do crime, ele se aproveitou para subtrair a quantia de R$ 2 mil de um dos advogados”, disse.

Com a conclusão do trabalho investigativo, o inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário. “Através de ferramentas de inteligência as quais a Polícia Judiciária dispõe, a gente conseguiu vincular todas essas pessoas, o mandante com o intermediário, o intermediário com os executores. Então o inquérito está bastante lastreado e agora o Ministério Público vai avaliar todas essas provas e oferecer as denúncias que entender serem cabíveis”, afirmou.

O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, comemorou o resultado da intensa apuração, finalizada em tempo hábil. “Mais um desfecho positivo de uma investigação complicada, que a Polícia Civil conseguiu fazer. Desde o momento do crime, o governador me ligou e pediu para, da melhor maneira possível, ajudar na coordenação, dar apoio logístico, fazer contato com outros estados, se fosse o caso, para que a gente pudesse ter um desfecho positivo. E assim o fizemos”, pontuou.

O titular da pasta de Segurança Pública ainda elogiou a atuação dos policiais e de todos que auxiliaram na elucidação do crime. “Os policiais fizeram um trabalho brilhante. Parabenizo publicamente todos que estiveram empenhados nessa força-tarefa. Estamos dando uma resposta que a sociedade quer”, afirmou.

Crime

O caso foi registrado no dia 28 de outubro deste ano, em Goiânia. Na ocasião, dois suspeitos, se passando por clientes, agendaram horário com os advogados. Contudo, pouco tempo depois de chegar ao escritório, no setor Aeroporto, a dupla efetuou diversos disparos de arma de fogo contra as vítimas, que morreram ainda no local. Dois dias depois, em 30 de outubro, a DIH prendeu, em Porto Nacional (TO), um homem, de 25 anos, apontado como o executor do duplo homicídio. O segundo suspeito, que a investigação aponta que tenha participado diretamente do crime, chegou a ser identificado, mas morreu após troca de tiros com a Polícia Militar do Tocantins.

No dia 9 de novembro, um homem, suspeito de ser o intermediador dos assassinatos, foi preso no Tocantins. A namorada de um dos indivíduos, que era investigada por possível participação no crime, também foi detida. Já a prisão do homem, de 58 anos, apontado como mandante dos homicídios, foi realizada no dia 17 do último mês. De acordo com o delegado Rhaniel Almeida, um dos intermediadores teria ainda transportado os dois executores do estado vizinho para a capital goiana, onde o crime foi cometido. “Ele ficou em Goiânia, prestando auxílio aos dois até o dia 25 de outubro, quando retornou para a cidade de Porto Nacional (TO). Além do transporte, segundo as investigações, foi ele o elo de ligação entre o mandante e os executores”, informou.

A apuração policial identificou que os homicídios teriam sido encomendados por alta quantia em dinheiro. “O contrato era no valor de R$ 100 mil, caso tudo desse certo, eles executassem os advogados e ficassem impunes. Se por ventura fossem presos, o que ocorreu, eles receberiam o valor de R$ 500 mil. Talvez por isso a insistência em informar que foi um latrocínio, para proteger o mandante, na expectativa de algum dia receber esse dinheiro. Esse montante não chegou a ser passado aos executores, dada a rapidez com que a Polícia Civil conseguiu chegar até eles”, ressaltou o delegado.

Ainda segundo Rhaniel, a principal suspeita é de que o crime tenha sido motivado por questões relacionadas a atividade profissional dos dois advogados. As vítimas teriam ganhado um processo contra o possível mandante dos homicídios. “A gente acreditava que, por conta da idoneidade dessas pessoas que foram mortas, muito provavelmente estaria relacionado ao trabalho delas. A gente fez um trabalho muito grande de mapeamento de todas as ações que eles trabalharam, tentando filtrar aquelas que poderiam ser as mais sensíveis. É uma ação milionária, envolvendo terras de familiares do suspeito. Os advogados atuaram na parte contrária e teriam tido êxito”, concluiu.

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