Projetor em Película, um dos poucos em Goiás, faz parte do acervo do Cine Cultura
Equipamento foi instalado na sala desde sua criação, em 1989, e representa um marco na história do cinema no Estado. Maquinário será mantido como acervo
O Cine Cultura, unidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), conta com uma peculiaridade em equipamento. Trata-se de um projetor em película, que funciona na unidade, e que será mantido, mesmo após a revitalização que vem sendo feita na sala.
O maquinário, que pode ser considerado uma verdadeira relíquia tecnológica, foi um divisor de águas para a exibição de filmes no Estado. Sua instalação marcou o início de uma nova era, abrindo as portas para um mundo de sonhos e emoções por meio das telonas.
Antes do projetor em película, as opções de entretenimento eram limitadas. Com sua chegada, foi possível trazer para Goiás os grandes lançamentos do cinema mundial, o que permitiu ao público goiano acesso às mesmas produções que as grandes. Com isso, as salas de cinema se tornaram verdadeiros pontos de encontro para a população assistir filmes, trocar ideias e vivenciar experiências coletivas.
Embora a tecnologia tenha evoluído e os projetores digitais tenham se tornado a norma, o legado do primeiro projetor em película permanece vivo. Para a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, projetor 35 mm materializa o simbolismo que esse tipo de maquinário histórico representa para a história do cinema em Goiás. “Esse projetor em película não é apenas um equipamento antigo, ele guarda a paixão pelo cinema que sempre marcou os goianos e nos lembra da importância de preservar a história e a cultura de nosso estado”, conclui a titular da pasta.
Legado e curiosidades
O projetor de filme em película 35mm está no Cine Cultura desde o início das exibições na sala, em 1989. Foi o principal equipamento de projeção até 2013, quando a sala passou por seu primeiro processo de digitalização, pois, já na virada da década, as projeções em película foram arrefecendo.
Por ser um equipamento de projeção analógica, os rolos dos filmes chegavam por transporte terrestre ou aéreo, dentro de latas metálicas para proteger o material. Como a película é feita de material muito sensível, sujeita a danos, desgastes e arranhões, um procedimento padrão era que fosse feito um seguro para elas.
Coordenador do Cine Cultura, Fabrício Cordeiro, explica que para a projeção, o rolo de filme era colocado em bitolas (rodas metálicas) e o projecionista tinha o trabalho de realizar a troca de rolos no momento certo, efetivando, assim, a continuidade do filme na tela. “Para longas-metragens, cada rolo compreendia cerca de 30 minutos de filme, devendo ser trocado pouco antes de chegar ao fim; o momento da troca era sinalizado por uma marca circular feita na própria película, e essa marca era chamada de ‘queimadura de cigarro’. Quando a marca aparecia no canto da tela, o projecionista iniciava a troca de rolo”, sintetiza.