Jornal de Aparecida de Goiânia conta história de Andreia Felix, motorista da Metrobus


Todos os dias, a pequena Andréia observava sua mãe dirigir o carro da família. Com um desejo nos olhos, fantasiava sobre como seria ter em suas mãos o controle daquele imenso veículo. Um dia, ela tomou uma dose inesperada de coragem e pediu para aprender a pilotar. Com desconfiança, a matriarca permitiu e se prontificou a ensiná-la.

Duas mulheres de gerações diferentes embarcavam em uma aventura que mais tarde se tornaria no maior prazer de Andréia Felix Vaz. A menina cresceu e se tornou uma das quatro motoristas da Metrobus que circulam pela Capital. O Diário de Aparecida conversou com ela para saber um pouco mais sobre a sua profissão.

 

Relato

Andréia Felix pilota veículos de grande porte há exatos dez anos. Tudo começou com um anúncio de jornal sobre um curso de formação de motoristas. Iniciou sua carreira como caminhoneira e, após passar em um concurso público, virou motorista de ônibus na Capital.

Todos os dias ela acorda de madrugada para fazer o trajeto que liga o Terminal Vera Cruz ao Novo Mundo, no primeiro turno, das 4h às 13h. Com o passar dos anos, Andréia foi se acostumando com os olhares assustados de quem nunca a havia visto ao volante.

“Por incrível que pareça, eu sempre escuto cochichos e comentários desagradáveis partindo, principalmente, de mulheres. É engraçado. Sempre quis saber o porquê eram elas que mais se assustavam comigo. Um dia uma pessoa entrou, me viu e desceu. Fiquei sem entender. Já até escutei: ‘É com mulher? Vou não’. Tudo bem, cada um sabe o que quer”, relata Andréia.

Outro episódio que deixou a motorista surpresa foi quando uma senhora entrou no ônibus e soltou, em voz baixa, a frase: “Uma mulher dirigindo ônibus?” Com um sorriso no rosto, Andréia acalmou a passageira e prometeu uma viagem segura. Ao chegar no ponto, a usuária do transporte coletivo sorriu e agradeceu. “Nessas situações, você tem que manter a pessoa calma e mostrar que é tão boa quanto qualquer outro motorista.”

Apesar de receber observações infelizes, a motorista relata que escuta, também, diversos comentários positivos. “Diariamente as pessoas me elogiam. As críticas são muito pequenas em comparação à opinião positiva.” Por fim, aquilo que começou como um sonho na infância rendeu a Andréia a oportunidade de, aos poucos, mudar a mentalidade das pessoas e mostrar que o lugar das mulheres é no volante também.

Fernanda Peixoto escreveu para o Diário de Aparecida.

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