SES capacita profissionais de saúde sobre manejo clínico de pacientes com arboviroses
Terceira capacitação deste ano para manejo clínico das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti tem como principal objetivo garantir que não aconteçam as chamadas “mortes evitáveis”
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde (SES-GO/Suvisa), realizou uma capacitação sobre o devido manejo clínico dos pacientes com dengue, zika e chikungunya, na terça-feira (06/02). O curso foi ministrado pelo doutor em doenças infecciosas Kleber Giovanni Luz, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e consultor internacional para arboviroses da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Ao todo, 270 profissionais de saúde participaram do evento, que ocorreu em Goiânia.
O principal objetivo, conforme a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, é evitar mortes por essas doenças no Estado. “A gente fez uma avaliação recente dos óbitos que aconteceram em 2023, e cerca de 40% deles são chamamos de ‘óbitos evitáveis’. A gente tem observado que, entre a data do início de sintomas de dengue, por exemplo, até o óbito, são cerca de seis dias. Então, é uma doença de evolução rápida, e se a conduta não for feita adequadamente, a gente pode ter um desfecho ruim”, pontuou.
Durante a capacitação, os profissionais de diversos municípios goianos foram orientados sobre as mudanças no Protocolo Nacional de Manejo Clínico para pacientes com arboviroses. O documento descreve a forma correta de lidar com os casos, em cada faixa etária, quais medicamentos devem ser utilizados e quais outras condutas terapêuticas podem ser adotadas diante da gravidade do quadro. “O dr. Kleber traz a experiência que ele tem para que esses profissionais tenham mais segurança na hora da conduta do paciente.”
Essa já é a terceira capacitação realizada pela pasta em 2024 para o manejo clínico desses casos, totalizando mais de 700 servidores capacitados. De acordo com o especialista, os médicos e enfermeiros precisam entender, inicialmente, sobre o atual cenário das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no Estado e conseguir identificar os chamados sinais de alarme de cada uma delas. “Reconhecer os mecanismos da doença, quer dizer, a patogenia e a fisiopatologia da doença. E reconhecer as fases da doença, a fase febril, a fase crítica e a fase de recuperação, para que possam fazer a intervenção adequada para esses pacientes”, destacou o professor Kleber Luz.
Entre os 270 participantes do evento, está o médico Fabrício Medeiros, que concluiu a formação na área há pouco mais de um ano. O profissional atua no pronto-socorro de duas importantes unidades de saúde do Entorno do Distrito Federal: a UPA Mansões Odisséia e o Hospital Municipal Bom Jesus, ambos em Águas Lindas de Goiás. O município foi o primeiro a receber a estratégia dos Gabinetes de Combate às Arboviroses, em janeiro de 2024, diante do aumento expressivo do número de casos, principalmente de dengue, já tendo hoje um óbito confirmado pela doença e outros oito em investigação.
O médico atende ainda na atenção primária de Santo Antônio do Descoberto, por meio do programa Mais Médicos, e veio à capital em busca de aprimorar o conhecimento para melhor atender os pacientes da região. “Esse treinamento está sendo significativo, porque vai desde o acompanhamento de casos leves, até casos mais graves, onde a gente pode ver os vários cenários com pessoas que estão imunodeprimidas, ou com pessoas que já estão estáveis. A gente está conseguindo entender melhor esse manejo clínico e ter a noção do que está acontecendo por todo o Estado. Ter esse parâmetro ajuda demais”, ressaltou.
Controle epidemiológico
Atualmente, Goiás conta com mais de 10 mil casos confirmados de dengue e quase 900 registros de chikungunya. Além das diversas estratégias que já vem sendo adotadas no controle epidemiológico dessas doenças, o Estado deve receber, ainda nesta semana, a primeira remessa da vacina Qdenga contra a dengue. As especificações do imunizante, do Laboratório Takeda, também foram reforçadas durante a capacitação dessa terça-feira pela equipe técnica do fabricante. A vacina deverá ser administrada em duas doses, tendo como público-alvo crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
Apesar da expectativa, a superintendente da SES-GO reforçou que os resultados da vacinação contra a dengue só deverão ser vistos efetivamente em médio e longo prazo. “A gente precisa lembrar também que a chikungunya ainda não tem vacina. Então, o melhor caminho neste momento é evitar que o mosquito nasça. E como fazer isso? Por meio daquelas medidas de prevenção que envolvem tirar 10 minutos por semana para verificar se em casa tem algum lugar com água acumulada. Se tem menos criadouros, tem menos mosquitos. Se tem menos mosquitos, tem menos transmissão”, orientou Flúvia Amorim.
Aline Rodrigues (texto e foto)/Comunicação