Na linha de frente, mulheres ocupam cargos de liderança na saúde
Com perseverança e dedicação, elas conquistam posições de destaque, contribuindo significativamente para o avanço e a excelência também nessa área
Nos últimos anos, tem sido observado um crescimento expressivo da presença feminina no mercado de trabalho, abrangendo diversos setores e provocando debates sobre profissionalização e inclusão. Esse fenômeno também se estende à área da saúde, em que, cada vez mais, mulheres buscam oportunidades e começam a assumir papeis de destaque.
De acordo com dados publicados pela Forbes, 70% dos profissionais da linha de frente na saúde são mulheres. Elas estão presentes em diversas ocupações, que vão desde médicas e enfermeiras até pesquisadoras e gestoras. A presença feminina não contribui apenas com a diversidade e inclusão, mas também gera bons resultados e impulsionam inovação na área.
Profissionais do sexo feminino ocupam 58% dos cargos de liderança em quatro unidades de saúde do Governo de Goiás administradas pela Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir). São elas o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) e os Hospitais Estaduais da Criança e do Adolescente (Hecad), de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS) e de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol).
Ao todo, a organização social (OS) conta com 4.883 colaboradores celetistas, 74,4% deles formado pelo gênero feminino. Para a supervisora de Ensino e Pesquisa da Agir, Geovana Rezio, a presença de mulheres em cargos de liderança é altamente benéfica. “É uma forma de promover a diversidade de ideias e perspectivas. Lideranças femininas tendem a cultivar ambientes de trabalho mais colaborativos, inclusivos e empáticos”, ressalta.
Segundo a supervisora, é importante proporcionar oportunidades às mulheres no mercado de trabalho, para promover o crescimento das instituições e o desenvolvimento econômico, social e cultural em geral. No ano passado, a Agir realizou a contratação de mais de mil mulheres em unidades geridas pela OS e na unidades próprias, como a Clínica Teia.
Tabus
O aumento expressivo de mulheres no mercado de trabalho não, no entanto, um reflexo de equidade. Elas ainda precisam conciliar os trabalhos remunerados com afazeres domésticos e a maternidade. Segundo dados do estudo Licença Parental nas Melhores Empresas para Trabalhar, da consultoria Great Place to Work, 47% dos participantes da pesquisa abriram mão de oportunidades de promoção em sua própria empresa ou em outras organizações por não poderem conciliar a rotina da casa com as demandas profissionais.
“Minhas avós e minha mãe trabalhavam e conciliavam a maternidade e o trabalho. Isso é difícil, mas o importante é estar feliz com a própria escolha”, relata Anna Luiza Cordeiro, chefe do Núcleo de Comunicação e Marketing da Agir. Ela ressalta que é necessário, diariamente, superar os desafios e os estereótipos sociais para poder alcançar bons resultados.
Conciliar a vida pessoal e profissional é uma dificuldade que todas as mulheres enfrentam diariamente. No entanto, é possível contornar a situação. “Eu me deparei com a pressão para provar constantemente minha competência em ambientes dominados por homens, assim como com a necessidade de superar estereótipos e expectativas pré-definidas sobre o papel das mulheres no trabalho e na sociedade”, explica a pesquisadora Geovana Rezio.
Ela ressalta que o desenvolvimento profissional deve ser um processo contínuo para todas as mulheres. “Eu também me desafio regularmente a sair da minha zona de conforto, assumindo novas responsabilidades e explorando áreas de interesse que me ajudem a crescer e evoluir como profissional”, afirma.
Para a diretora-geral do Hecad, Mônica Ribeiro Costa, ser uma liderança na área da saúde é uma experiência desafiadora, mas é preciso acreditar em si mesma. “Para ser uma mulher e líder, vejo que é necessário demonstrar força e capacidade de decisão, para desmistificar uma suposta fragilidade e insegurança da mulher”, afirma a médica infectologista.
Cuidado com pessoas
A diretora explica que as mulheres estão sempre atuando no cuidado com pessoas, mas geralmente é um papel não reconhecido na sociedade em geral. “Nosso hospital, tem 146 leitos e, em média, 96% dos acompanhantes de crianças e adolescentes em internação são mulheres”, afirma Costa. Ela também relata que, para superar as barreiras do preconceito, é fundamental reconhecer o papel das mulheres na área da saúde, valorizando também aquelas que desempenham um papel crucial na prestação direta de serviços nesta área.
“É muito gratificante poder ser uma referência para outras mulheres, apesar dos profissionais de saúde hoje serem predominantemente mulheres, ainda são relativamente poucas as lideranças femininas no geral, principalmente nos cargos superiores”, ressaltam Mônica.
Laiza Ribeiro Neves (texto e foto)/Agir