Saúde estadual apresenta ao Ministério Público balanço de Goiás do processo iniciado em novembro de 2023 que prevê atendimento exclusivo dos casos graves no Hecad e no Hugol, que indica pouca alteração na demanda

O Governo de Goiás, concluiu a primeira etapa do processo de reorganização das urgências nos Hospitais Estaduais de Urgências de Goiás Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e da Criança e do Adolescente (Hecad), iniciado em novembro de 2023. Na sexta-feira (16/02), a alta gestão da Secretaria de Estado da Saúde apresentou o balanço da primeira fase do processo, em audiência no Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Esse processo tem como objetivo conscientizar a população e redirecionar os pacientes em desconformidade com o perfil de complexidade das unidades.

Os gestores da SES também definiram com representantes do MP-GO que a ação vai continuar atuando para assegurar que Hugol e Hecad atendam exclusivamente os casos de média e alta complexidade. Ficou definido ainda que o processo de reorganização das urgências será expandido para o interior. As unidades elencadas para atender pelo novo modelo são Hospitais Estaduais de Aparecida de Goiânia Cairo Louzada (Heapa); de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana); de Formosa Dr. César Faad Sayad (HEF) e de Luziânia (HEL).

O secretário adjunto da Saúde de Goiás, Sérgio Vencio, destacou que o atendimento à demanda espontânea nas unidades hospitalares causa superlotação e prejuízo à assistência dos casos complexos – perfil dos hospitais goianos. Ele enfatizou que a proposta da SES-GO é avançar na reorganização das urgências, o que, necessariamente, passa pelo diálogo com o município, responsável pelas unidades de atenção básica em saúde.

Segundo a superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Paula dos Santos Pereira, a redução da demanda espontânea nos últimos três meses foi pouco expressiva nas duas unidades. Dados da secretaria mostram que, nos três meses, 56,1% da demanda do Hugol necessitaram de internação na unidade. Já no Hecad, 9,5 % das crianças que foram levadas à unidade precisaram ficar internadas.

Na avaliação da superintendente, essa primeira fase tem sido positiva, com a reorganização dos fluxos das portas das unidades, com a aproximação das equipes, e que leva a uma organização maior sobre o perfil dos pacientes que entram nas unidades por demanda espontânea. “Há também uma organização, por parte da regulação, nos processos de encaminhamento e de fluxo de pacientes da urgência, para melhor adequação ao perfil assistencial das unidades”, cita a superintendente.

Como consequência dessa organização, continua Paula Santos, há uma aproximação maior dos municípios nos fluxos assistenciais, principalmente na Região Metropolitana. “Essa aproximação dos municípios ocorre de forma significativa. Assim, é possível alinhar com eles a da porta de entrada das unidades, o perfil do paciente, as principais comorbidades atendidas, entre outros pontos assistenciais”, enumera a superintendência. “E isso é um ganho no processo de reorganização das urgências, que propicia a expansão para outras etapas do processo, trabalhando sempre a comunicação bem próxima dos municípios.”

Outro ponto destacado pela superintendente da Spais é o reconhecimento, pelo Ministério Público, da atuação da SES-GO na organização e na assistência da urgência e emergência. “Eles puderam ver todo o trabalho que é feito pela Secretaria no levantamento e no monitoramento de dados, percebendo que, dessa forma, conseguimos obter os melhores resultados em nossos hospitais para realizar também a reorganização das nossas assistências”, comemorou.

A audiência no MP-GO foi coordenada pelo promotor Marcus Antônio Alves, da 53ª Promotoria de Justiça; e por Marlene Nunes Bueno, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde. O encontro teve também a participação de representantes da Secretaria de Saúde de Goiânia. Os gestores da SES-GO se comprometeram a definir, no prazo de um mês, os cronogramas para o início da segunda fase do processo de reorganização das urgências no Hecad e Hugol e começo da ação nas quatro unidades do interior. E propuseram uma reunião com representantes dos municípios da Região Metropolitana de Goiânia para sensibilizá-los a adotarem estratégias para o atendimento dos casos menos complexos nas unidades de seus municípios.

Maria José Silva (texto) e Marco Monteiro (foto)/Comunicação Setorial da SES-GO