Saúde estadual amplia faixa etária para vacinação contra a dengue para até 14 anos
O imunizante, disponível nos centros de saúde de todo o Estado, estava sendo aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 11 anos. Alteração se deve à preocupante baixa procura pelo imunizante
O Governo de Goiás ampliou a faixa etária para a aplicação da vacina contra a dengue em todo o Estado. A partir de agora, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, 11 meses e 29 dias podem receber o imunizante em unidades básicas de saúde localizadas no território goiano. A medida foi anunciada pelo secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, durante entrevista coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (29/02). Na oportunidade, o secretário conclamou os pais ou responsáveis a levarem os filhos aos centros de saúde para tomar a vacina que protege contra a doença.
A vacinação contra a dengue começou a ser realizada em 15 de fevereiro. Para garantir o acesso da população da faixa etária elegível à vacina, a SES-GO fez, inicialmente, o escalonamento por período. Crianças de 10 e 11 anos foram as primeiras a serem contempladas. “Esperávamos que a procura fosse alta, mas, infelizmente, as crianças não têm sido levadas aos postos”, sublinhou o secretário. A pasa distribuiu 158.505 doses da vacina em 134 municípios e, até agora, apenas 20.753 crianças foram imunizadas, o equivalente a 13% da população-alvo.
Rasível Santos acentuou que a baixa procura causa muita preocupação. “Nós temos estratégias para o cuidado, mas a prevenção ainda é o melhor remédio e a vacina é uma medida preventiva.” E enfatizou que a vacina contra a dengue é segura, foi efetivamente testada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante, o mesmo aplicado nas clínicas particulares, não apresenta efeitos colaterais graves.
Dados da SES-GO apontam que Goiás vive o pior cenário epidemiológico em relação a dengue desde o os primeiros casos da doença, na década de 1980. Só nas nove primeiras semanas deste ano, foram notificados 75.683 casos de dengue e confirmadas 31 mortes. Os óbitos vitimaram moradores de Anápolis, Luziânia, Valparaíso de Goiás, Uruaçu, Águas Lindas de Goiás, Iporá, Cristalina, Goiânia, Cidade Ocidental, Novo Gama, Alto Horizonte, Aurilândia, Caldas Novas e Senador Canedo. No mesmo perído em 2022, quando ocorreu a mais grave epidemia de dengue.
Mortes rápidas
A gravidade da epidemia de dengue também se manifesta na rapidez com que estão acontecendo as mortes pela doença. Dados reunidos pelo Gabinete Central de Combate à Dengue, instalado na sede da SES-GO, demonstram que os óbitos estão ocorrendo no intervalo de apenas seis dias a partir da manifestação dos primeiros sintomas da doença. “Essa rápida evolução para a morte é algo extremamente preocupante”, assinalou o secretário. Ele reforça a importância da hidratação imediata e da busca pelo atendimento a partir da ocorrência dos primeiros sinais de dengue.
Na prática, conforme assinalou Rasível Santos, a pessoa deve se hidratar e procurar uma unidade de saúde quando apresentar febre e dor no corpo. Enquanto espera o atendimento, deve beber muita água. Se os sintomas se agravarem, a equipe de saúde deve proceder a hidratação venosa. O secretário assinalou também que o paciente deve retornar ao centro de saúde cerca de três dias depois, mesmo que a febre esteja abaixando. Nesse período, surgem outros sintomas que indicam o agravamento da doença, entre os quais tontura ao levantar, dor abdominal, vômitos, sangramento no nariz e na gengiva e diminuição da urina.
Gabinetes nos municípios
A SES-GO sensibilizou gestores municipais e coordenou a instalação de 148 Gabinetes de Combate à Dengue nos municípios, hospitais e unidades de saúde. Os gabinetes são extremamente importantes, por reunir dados sobre as arboviroses, monitorar o avanço da doença, capacitar médicos sobre o manejo clínico e oferecer o apoio e respaldo às unidades, inclusive o repasse de soro, insumos e medicamentos. Rasível Santos acentua que o paciente com os sintomas de dengue deve ser hidratado imediatamente.
A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, reforçou a necessidade de a população fazer a limpeza rotineira em suas casas. Pesquisas científicas apontam que 75% dos criadouros do mosquito são encontrados no interior e nos quintais das residências, em vasos de plantas, calhas, degelos de refrigeradores, caixas d’agua destampadas, objetos que acumulam água como copos, latas, garrafas, tampinhas e pneus espalhados pela área externa dos imóveis.
Maria José Silva (texto) e Iron Braz (fotos)/Comunicação Setorial