Hecad alerta pais sobre riscos de gravidez na adolescência

Goiás registra 10 mil mães adolescentes por ano, público-alvo de semana nacional e ameaçadas por prematuridade, ruptura do colo de útero e depressão pós-parto e mortalidade materna

Pediatra do Hecad, Joyce Martins orienta adolescente em atendimento na unidade

Na Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) reforçou aos pais e responsáveis a importância da abordagem da temática com os adolescentes e os riscos da gravidez nessa fase da vida. Segundo a pediatra especialista em adolescência, Joyce Martins, mais de 10 mil adolescentes se tornam mães em Goiás a cada ano.

“É um número expressivo e bastante alarmante, porque a gravidez na adolescência é perigosa para a saúde da mãe e do bebê. Entre os riscos que são ampliados quando a gestante é adolescente estão a mortalidade materna, prematuridade, aborto natural, ruptura do colo de útero e depressão pós-parto”, disse a profissional.

A gravidez na adolescência tem, além da saúde, implicações socioeconômicas. “Cerca de 70% das adolescentes grávidas abandonam os estudos. A evasão escolar nessa fase de preparação para a vida adulta acarreta uma redução das oportunidades de trabalho, dependência emocional e financeira dos parceiros e perpetua ciclos de pobreza e desigualdade”, conta a pediatra.

“Dificilmente a adolescente volta para a escola depois do parto, porque ela passa a ser a responsável pelo cuidado com a criança. E como a adolescência é um período de vários anos, cerca de 30% dessas meninas acabam engravidando novamente enquanto ainda estão nessa fase da vida, agravando ainda mais a situação”, alerta Joyce Martins.

Prevenção
Segundo a especialista, a educação é a melhor forma de prevenir a gravidez não intencional durante a adolescência. “A idade média para o início da vida sexual no Brasil é 13 anos. Aos 13 anos, o adolescente ainda não tem uma compreensão ampliada das consequências de suas atitudes, e por isso a sexualidade precisa ser abertamente tratada”, explica a profissional.

A pediatra ressalta que o tema deve ser abordado de forma transversal pela família e também pela escola. “É preciso falar sobre sexo, sobre como os bebês são concebidos, sobre os riscos e privações decorrentes de uma gravidez nessa fase da vida, sobre a prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e sobre os métodos contraceptivos disponíveis. Assim que a menina e o menino entram na adolescência, a partir dos 11 anos, isso precisa ser reforçado”, orienta a médica.

“Outro ponto muito comum é que vemos isso ser falado para as filhas, para as meninas, como se elas fossem responsáveis sozinhas pela concepção. A mulher pode ter uma gravidez a cada 12 meses, enquanto o homem pode engravidar 12 mulheres em um único dia. Então, é importante que os meninos também sejam orientados”, afirma Joyce.

Abordagem
Apesar de prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a educação sexual para a prevenção à gravidez na adolescência ainda é um tabu para muitas famílias que tem dúvidas sobre como abordar os filhos com a temática. “O mais importante é que essa abordagem seja feita de forma leve e tranquila, sem constrangimentos para o adolescente. Os pais podem introduzir o assunto contando a experiência de alguém conhecido da família ou trazendo o número anual de casos de gravidez na adolescência no Brasil, por exemplo, que é de 400 mil casos”, conta a especialista.

“Os adolescentes podem ser instigados a pensar nas consequências de uma gravidez não planejada, e os pais devem trazer informações seguras e cientificamente comprovadas sobre os métodos contraceptivos, explicando como eles funcionam e colocando-os à disposição do adolescente quando ele ou ela acreditar que for necessário”, orienta.

Vitória Caetano (texto e foto)/Comunicação Hecad

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