32 agentes comunitários de saúde de Senador Canedo finalizam o curso de ACS Módulo I
Profissionais responsáveis por atuar na promoção e prevenção na saúde, mapeando e encaminhando pessoas ao serviço de saúde, 32 agentes comunitários do município de Senador Canedo apresentaram no último dia 24 de agosto os trabalhos de conclusão do curso de ACS Módulo I. A escolha de cada tema foi feita de acordo com a observação da realidade local do município. Dentre os assuntos tratados estão a dificuldade de adesão ao tratamento de tuberculose; gravidez na adolescência; inclusão da atividade física laboral na rotina dos agentes comunitários de saúde; queixas na demora de marcação de consultas; evasão de usuários hipertensos e diabéticos do grupo de tratamento local e obesidade na adolescência.
Esta é a primeira turma a se formar no curso que foi oferecido pela Escola Estadual de Saúde Pública Cândido Santiago (ESAP-GO) por meio do Centro de Educação Profissional de Saúde (CEP – Saúde) da Superintendência de Educação em Saúde e Trabalho para o SUS, SEST-SUS.
Com uma carga horária de 570 horas presenciais, o curso de ACS Módulo I deve formar mais 11 turmas distribuídas em cinco regionais do Estado de Goiás até o final de novembro deste ano: Entorno Norte (Formosa e Planaltina), Sudoeste (Mineiros), Sudoeste I (Caçu, Santa Helena e Quirinópolis), Estrada de Ferro (Caldas Novas e Ipameri), São Patrício I (Ceres, Rialma e Santa Isabel), São Patrício II (Jaraguá) e outra turma em Senador Canedo, que faz parte da Regional Centro Sul.
A apresentação dos trabalhos aconteceu no auditório da Biblioteca Central da cidade e contou com a presença da professora de teoria e prática, enfermeira Raquel Rosa Mendonça do Vale, o vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde do município, Josué Alves Ribeiro, o presidente da Associação dos ACS, Willian Rodrigues do Nascimento, a diretora de atenção básica Laila Gouveia, a chefe de gabinete da Prefeitura de Senador Canedo, Adriana Dias, e as representantes da ESAP-GO Cárita Vieira Arruda, assessora técnica do CEP-Saúde, e Fabiana Carvalho – gerente da ESAP-GO.
Em seu discurso, Fabiana ressaltou a importância da qualificação destes profissionais de saúde para o trabalho dos ACS. “Tenho certeza que vocês terão um olhar diferente como profissionais após o término deste curso”, disse.
Temas abordados
O primeiro tema apresentado foi sobre a dificuldade de adesão ao tratamento de tuberculose no setor Jardim Canedo III. “Nós percebemos que existe dificuldade dos pacientes aderirem a este tipo de tratamento. Somente quatro pacientes tratam a tuberculose na unidade de saúde observada”, explicou a ACS Amanda Narde da Cruz durante a explanação do trabalho.
A falta de conhecimento sobre esta doença, assim como as formas de tratamento foram alguns fatores apontados pelo grupo como “vilões” da baixa adesão ao tratamento. “Os pacientes estavam muito abertos para saber mais sobre a tuberculose, então a gente percebeu que há uma carência muito grande de informações sobre cuidados de saúde como este”, explicou a agente comunitária de saúde Paula Oliveira Macedo.
As discentes Shirlene da Silva Gomes e Magna Oliveira de Almeida voltaram os olhos para a saúde dos próprios colegas ao perceber a necessidade da inclusão da atividade física laboral na rotina de trabalho dos ACS. “Sol quente, longas caminhadas e obstáculos durante as visitas aos moradores exige um preparo físico da nossa categoria”, afirmaram durante a apresentação do trabalho. Neste sentido, a atividade física laboral seria uma solução possível do problema. Pelo menos na Unidade Básica Bom Sucesso, onde elas e outros 16 ACS atuam.
Ao utilizar as técnicas e metodologias estudadas no curso, as agentes Liliane Augusta e Paula Fernandes observaram queixas na demora de marcação de agendamentos, consultas e exames especializados de alto custo e apontaram como uma das soluções possíveis a adoção de protocolos de classificação de risco para diminuir a demora na regulação. “Foi um tema que a gente aprofundou muito. A nossa diretora de regulação gostou tanto do nosso projeto que disse que vai se esforçar para executar este protocolo de classificação de risco”, contam as discentes do curso de ACS.
A professora de teoria e prática, Raquel Rosa Mendonça do Vale, acredita que o curso fez com que os ACS compreendessem que era possível melhorar o exercício de suas atribuições. “Os ACS puderam conhecer o que é esperado para sua profissão. Aprenderam a fazer diagnóstico situacional e implementar ações que sejam resolutivas. Perceberam que o seu conhecimento é importante para o elo com a comunidade, sem hierarquia de saberes e sim saberes complementares. Conheceram a origem do SUS e de sua profissão e, assim, se sentiram mais valorizados. Aprederam como devem ser as visitas domiciliares e que estas devem ser planejadas conforme objetivo”, finaliza ela.
A coordenadora do curso, Tânia Valéria, completa: “Além de conhecerem o real papel deles junto à comunidade, este curso permite que eles desenvolvam um trabalho humanizado cumprindo as diretrizes do SUS”.