“Diante do dilema moral é preciso utilizar também a inteligência emocional.”
Chefe de gabinete da Fapeg palestra sobre ética para servidores da Ceasa GO
Diante do dilema moral é preciso utilizar também a inteligência emocional para aplicar teorias éticas para tomadas de decisões melhores e mais acertadas. Isso é um desafio diário que requer hábito”, diz Mochcovitch
O Chefe de Gabinete da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Diogo Mochcovitch, ministrou nesta quarta-feira, 18, a palestra “Introdução a Ética” para servidores da Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa GO) a pedido do próprio órgão. Ele é doutor em Filosofia e pós-doutor em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O encontro foi realizado no auditório da sede da Ceasa GO e aberto pelo Presidente da Comissão Permanente de Licitações da Ceasa-GO, Kleber Medrado.
Medrado elucidou que o tema ética permeia as ações do Programa de Compliance Público (PCP), implantado em 2019 pelo Poder Executivo do Estado de Goiás em todos os órgãos de sua estrutura administrativa. O Programa de Compliance consiste em um conjunto de iniciativas destinadas a assegurar que os atos de gestão estejam em conformidade com os padrões éticos e legais, a fomentar a transparência e as denúncias para combater a corrupção. Partindo disso, Mochcovitch pontuou que o conceito de ética é construído a partir de costumes sociais e que, portanto, não existe uma ética pessoal ou particular, mas que o campo da Ética se propõe a ser uma teoria universal.
“Porém, costumes variam de uma sociedade para outra. E se variam, é preciso um referencial para verificar o que é certo ou errado. A ética, diferente do conhecimento científico que é assertivo, ou seja, passível de ser constatado através de determinados métodos, a Ética é prescritiva e se aplica em diálogo com os chamados dilemas morais. Para isso, devemos recorrer às teorias éticas para solucionar os dilemas morais, com destaque para três delas com caráter universal: Teoria da Virtude, de Aristóteles; Teoria do Dever, de Immanuel Kant, e Teoria do Utilitarismo, de Jeremy Bentham e Stuart Mill”, explicou o doutor em Filosofia.
De acordo com Mochcovitch, a Teoria da Virtude propõe o alcance da excelência através da regra da Justa Medida, que é a busca de um ponto médio entre os pontos extremos de vícios e virtudes humanos, como a metáfora de uma balança que deve se manter equilibrada, sem pender aos extremos. Ele discorre ainda que as virtudes advêm de fatores internos aos seres humanos e não externos e que a excelência é alcançada através da prática da ética como um hábito, ou seja, que requer repetição para obter resultados cada vez melhores.
A Teoria do Dever pressupõe a razão como guia último do agir moral. Nessa teoria, existem Máximas Universais que servem de guias imparciais e que seriam sustentados acima de qualquer costume e sociedade. As máximas são conhecidas na Teoria do Dever kantinano como imperativos categóricos, isto é, são regras universais que devem ser aplicadas diante de um dilema moral.
Por fim, a Teoria do Utilitarismo indica que o agir eticamente deve ser feito de forma a produzir o máximo de bem-estar para a maior quantidade de pessoas pela maior quantidade de tempo. Para isso, é necessário fazer um Cálculo Utilitário a maximização do bem-estar e a maior redução dos danos possíveis.
“Além dessas, existem outras teorias éticas e é preciso conhecê-las para saber quando utilizá-las, qual delas vai nos amparar melhor em determinada situação. Não existe um verdadeiro ou um falso absoluto no discurso prescritivo da ética. Diante do dilema moral é preciso utilizar também a inteligência emocional para aplicar teorias éticas para tomadas de decisões melhores e mais acertadas. Isso é um desafio diário que requer hábito”, concluiu o Chefe de Gabinete da Fapeg.
Assessoria de Comunicação da Fapeg