Websérie do Servidor com a merendeira Maria Cândida

Miniperfil – Maria Cândida da Rosa 

Alimento que nutre a alma

Ela bem merecia um troféu. Pois imagine: lava vasilha, seca vasilha, lava verdura, corta verdura, coloca água pra ferver, mexe panela, sorri para um visitante que aparece na cozinha onde trabalha, chama a atenção de outro desavisado que entrou sem colocar a touca, pensa em um cardápio diferente para o dia, dá conselho para a adolescente que levou um fora do crush, “ralha” com o jovem que quer repetir o prato e não pensa no colega que não comeu ainda e, daí a pouco, de novo, lava vasilha, seca vasilha e …

– Pode entrar sim, mas peraí que vocês têm que proteger o cabelo antes.

A recomendação é da merendeira Maria Cândida da Rosa, de 52 anos, que está há 10 meses na Escola Estadual Irmã Gabriela, que fica no Conjunto Riviera. Naquela sexta-feira, 18 de outubro, além das demandas rotineiras, ela recebia uma equipe de reportagem para falar do trabalho que desempenha no local. Fala com gosto, provavelmente com o mesmo que coloca nas 300 refeições que prepara por manhã para os alunos do colégio. Tempero, histórias e sonhos. Tudo misturado naqueles potinhos azuis de plástico. E fora deles também. 

“Já trabalhei durante muito tempo como merendeira em hospitais, como na Santa Casa de Misericórdia e no Instituto do Rim. A gente passa mesmo a ver a vida de outra maneira e valoriza só o que precisa ser valorizado”, ensina dona Maria, essa paulista do interior que veio com a família para Goiás quando ainda nem conhecia essa imensidão de alimentos que existe. Era década de 1960 e ela contava apenas com 1 ano de idade.

No Cerrado brasileiro, a sétima entre nove filhos, cresceu. E olha só como são as coisas da vida. Ela estudou até o segundo ano do Ensino Médio, justamente, no local onde trabalha hoje. A Escola Irmã Gabriela, que atende atualmente quase 600 alunos de diversos bairros da região Leste de Goiânia, foi inaugurada no dia 14 de fevereiro de 1980. Quase quarentona, a unidade já teve em seus bancos aquela que hoje prepara, com zelo e muito carinho, a refeição que nutre tantos adolescentes. Em todos os sentidos, lembra ela:

“É uma fase complicada, né? Às vezes, as meninas perguntam se devem confiar ou não naquele rapaz, se dão outra chance, contam também que brigaram com a mãe. Essas coisas… Daí a gente acaba sendo um pouco psicóloga também”, brinca.   

A rotina para essa jovem senhora começa bem cedo. Ela mora no Residencial Vale do Araguaia e tem que estar às 6 horas no trabalho. Se acorda disposta a caminhar, são 20 minutos até chegar à escola. Do contrário, basta pegar uma das linhas de ônibus que passa perto de casa, como a “Aruanã 3 – Riviera”. No percurso, tempo para alimentar os próprios sonhos:

“Quero muita coisa, não, menina! Primeiro, ver meus filhos bem e eles já estão, uma é biomédica e outro advogado. E quem sabe mais pra frente eu consiga fazer uma faculdade de Culinária ou Enfermagem. Ah, seria bom também passar num concurso, sabia que minha mãe é funcionária pública aposentada? Estou aqui como temporária, mas tomara que eles estendam mais e mais o contrato”, diz dona Maria que, em menos de um ano, já aprendeu o valor do servidor público:

– Nosso papel é servir todo mundo, do povão a qualquer pessoa. É acolher, ajudar, da melhor forma possível.

Ela bem merecia um troféu. Pois imagine: lava vasilha, seca vasilha, lava verdura, corta verdura, coloca água pra ferver, mexe panela, sorri para um visitante que aparece na cozinha onde trabalha…

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