Deflagrada Operação “BackDoor I e II” que investiga desvio do dinheiro público
A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor), deflagrou, na manhã desta quinta-feira, dia 14, as duas fases da Operação BackDoor, que tem como objetivo investigar esquemas de fraudes, ocorridos entre 2004 e início de 2019, no Instituto de Assistência dos Servidores Públicos (Ipasgo). Na ação, foram apreendidos equipamentos, documentos e outros elementos de informação para a continuidade das investigações. A investigação contou com o apoio da Superintendência de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado, da Secretária de Segurança Pública.
De acordo com a polícia, a investigação inicial, que aconteceu em julho de 2019, apurou que os antigos servidores envolvidos no esquema eram terceirizados de uma empresa contratada pela entidade. Com isso foi instaurado um novo inquérito para uma nova fase de investigação, com o objetivo de identificar de que forma essa empresa se integrou ao instituto.
Durante a apresentação da operação, um dos delegados do caso, Maurício Passerini, explicou como funcionava o processo. "As fraudes foram perpetradas por um funcionário fantasma criado lá dentro e que movimentou o sistema de forma ilegal, acrescentando procedimentos, pagando procedimentos que não aconteceram, pagando por medicamentos que não foram utilizando" disse.
Maurício relembrou que no início das investigações, ao descobrir parte deste esquema, pôde se desconfiar da amplitude do que estava acontecendo. "O crime envolvia não só as pessoas ligadas a Tecnologia da Informação (TI) do Ipasgo, como também faturistas hospitalares e, infelizmente, clínicas e laboratórios e grandes hospitais goianos, responsáveis pelo pagamento das propinas", completou.
O delegado contou que um integrante da organização criminosa confessou a fraude. De forma ilustrativa, Passerini exemplificou como funcionava o esquema: num atendimento de rotina de um paciente eletivo, a clínica envolvida no esquema faturava a cobrança de cinco medicamentos que teriam sido ministrados durante o atendimento de um procedimento que necessitava, na realidade, de apenas um. Ao passar pela auditoria, o médico responsável pela inspeção identificava e retirava os quatro medicamentos excedentes, mas o "auditor fantasma" incluía os medicamentos retirados antes que chegasse ao faturamento. Sendo assim, a quantia dos quatro medicamentos excedentes era paga para clínica que participava da fraude. De acordo com o levantamento, há indícios de que essa prática tivesse sido recorrente durante os anos de investigação, que condizem com a antiga gestão da estatal.
Estima-se que o prejuízo da Operação BackDoor I gira em torno dos R$ 7 milhões, mas o valor real poderá ser identificado após a análise dos documentos apreendidos. As fraudes começaram em 2004. No início de 2019, com a posse da nova administração e a deflagração da primeira operação policial dentro do Ipasgo, o esquema foi excluído.
Ainda durante a apresentação da operação, a delegada Magda D’avila, também a frente do caso, complementou que houve o bloqueio judicial de R$ 84 milhões sobre os bens dos investigados. Já o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Marcos Eguiberto, falou sobre a importância do trabalho dos peritos de informática forense, que estudaram a enorme quantidade de informação dos bancos de dados do Ipasgo. De acordo com ele o laudo pericial ajudará nos inquéritos.
O delegado-geral da Polícia Civil, Odair José Soares, ressaltou a operação como parte concreta do combate a corrupção no Estado. "Milhões de reais desviados dos cofres públicos, com essas ações vão voltar", garantiu.
Já o secretário da Segurança Pública, Rodney Miranda, reforçou o empenho das forças policiais no combate à corrupção. "Já são quatros operações que envolvem o Ipasgo: a máfia da oncologia com duas etapas [Operação Metástase] e essas duas fases da Operação BackDoor. O cálculo, após a descoberta dessa organização criminosa que vem agindo desde 2004, deve passar da casa do bilhão em desvios. Já tem milhões bloqueados, outros sendo investigados", informou Rodney, completando que a atual gestão, por determinação do governador Ronaldo Caiado, tem como um dos eixos principais o combate à corrupção. "Não importa onde o crime está ocorrendo, se for âmbito estadual ou municipal estaremos lá", garantiu o chefe da pasta de Segurança.
A Operação BackDoor I e II contou com a participação de 236 policiais civis e apoio de 50 peritos. Ao todo, foram 53 mandados de busca e apreensão, cumpridos nas cidades de Goiânia, Anápolis, Ceres, Aparecida de Goiânia, Inhumas, Itapaci, Jaraguá, Caldas Novas, Rialma, São Patrício e São Paulo, em desfavor de 25 pessoas físicas e 27 pessoas jurídicas.
A ação foi batizada com o nome Backdoor que significa porta dos fundos, em inglês. Este é o nome dado à entrada secreta em determinado software, burlando uma autenticação ou criptografia do sistema informatizado.
Operação BackDoor I
A investigação compõe a gama de desdobramento da ação realizada em 2019, quando foi deflagrada a primeira fase, que resultou em um grande volume de documentos apreendidos nas residências de alguns dos suspeitos. Na oportunidade, apurou-se que o esquema de corrupção consistia na realização de alterações fraudulentas nos sistemas informatizados do Ipasgo, mediante pagamento de propinas.
A empreitada criminosa contou com a participação de profissionais da área de TI da autarquia estadual, faturistas hospitalares, clínicas, laboratórios e grandes hospitais goianos. Ao final das investigações, os suspeitos poderão responder pelos crimes de associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas informatizados e corrupção ativa, cuja somatória das penas máximas supera 30 anos de reclusão.
Vale reforçar que o Governo de Goiás, por meio da Secretária de Segurança Pública, desde o início de 2019, tem dado total liberdade para que as forças policiais atuem, tendo como único limite a lei. Exemplo disso foi outra operação do Geccor, denominada Metástase, citada pelo secretário Rodney Miranda, que também teve como objetivo apurar fraudes em superfaturamento de tratamento oncológico. Este esquema beneficiou um grupo que agia de forma a realizar desvios de recursos financeiros, tais como pagamento e prescrição de medicação quimioterápica de forma ilegal.
Mais informações: (62) 3201-1027
Comunicação Setorial da SSPGO – Governo de Goiás