Viadutos têm efeito restrito na 85


As obras da trincheira da Praça do Ratinho e do conjunto de viaduto e trincheira da Praça do Chafariz não resolveram os problemas de fluidez de tráfego na Avenida 85, onde ambas foram construídas. Elas trouxeram soluções pontuais, que não chegam a compensar a relação custo-benefício – tiveram custo total de aproximadamente R$ 30 milhões. Essa é a opinião de especialistas em trânsito e transportes e de motoristas ouvidos pelo POPULAR.

A reportagem também percorreu toda a extensão da Avenida 85 em ambos os sentidos no início da noite de ontem e constatou a existência de pontos de congestionamento, principalmente nos locais onde ainda é permitida a conversão à esquerda e no trecho entre as Avenidas T-9 e T-10, onde é permitido o estacionamento ao longo da via (veja quadro). A obra da trincheira da Praça do Ratinho foi entregue há quase dois anos. Já a do Chafariz, há menos de um ano, no aniversário de Goiânia (24 de outubro).

Para o doutor em Economia de Transportes Délio Moreira, a intervenção na Praça do Ratinho foi mais proveitosa e resolveu em grande parte os problemas de congestionamento de veículos que ocorriam no local. “Já a do Chafariz teve uma contribuição relativamente pequena para a cidade”, avalia Moreira. Ele pontua que são soluções caras e que chegaram atrasadas. “O poder público deveria ter há muito mais tempo pensado no transporte coletivo rápido, de alta capacidade e barato”, acredita Moreira.

O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Cruvinel Teixeira, chefe da equipe que elaborou o Plano Diretor de Goiânia, também acha que a intervenção na Praça do Ratinho foi mais proveitosa para a cidade. “A trincheira é uma solução mais adequada, já em relação ao viaduto, quando se sobe uma estrutura como aquela, o custo-benefício para a população é quase zero”, avalia. “É uma obra que só atende os automóveis, com um custo alto e um benefício realmente pequeno”, diz.

Teixeira alerta que o viaduto no cruzamento das Avenidas 85 e T-63 (antiga Praça do Chafariz) acabou acarretando impacto sobre a Praça da Nova Suíça, na continuação da T-63, que precisou ser aberta ao meio para dar fluidez ao tráfego de veículos. “A questão é que as pessoas desenham esses projetos estão preocupadas apenas com o trânsito e não com a cidade como um todo. Não estamos desenhando cidades”, pondera.

“A primeira intervenção desafogou a Praça do Ratinho e jogou o problema para a frente; com a do Chafariz aconteceu a mesma coisa. São obras pontuais que precisam de continuidade”, acrescenta a engenheira civil Jucélia Maria da Luz Sena Maia, especialista em transporte e professora universitária. “São obras arrojadas, mas que precisam ser continuadas”, diz ela.

Planejamento
Mas há quem aprove as obras. Para o professor Benjamim Jorge Rodrigues dos Santos, doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), as duas obras compensaram os investimentos, principalmente porque em ambos os pontos o nível de congestionamento estava muito alto. Numa escala de A (muito bom) a F (crítico), Santos diz que ambos estavam atingindo o pior nível nos horários de pico. “A sociedade assimila bem até o nível C; a partir daí, o estresse é intenso”, diz. Em sua opinião, falta planejamento operacional, inclusive para evitar que os carros fiquem parados em cima do viaduto.

O presidente da Agência Municipal de Trânsito (AMT), Miguel Tiago, reconhece que, mesmo com as duas obras, ainda há pontos de congestionamento na Avenida 85. Ele informa que as conversões à esquerda, para quem segue no sentido bairro-centro, já foram proibidas e pondera que atualmente é impossível impedir as que ainda estão liberadas para quem sai do centro e segue pela 85. “Vamos tirar paulatinamente todos os pontos de conversão à esquerda, não apenas na 85”, anuncia.

Já em relação à área com estacionamento liberado, Miguel Tiago revelou que esperava para ontem o empenho de R$ 1 milhão da União para executar um projeto de estacionamento entre as Avenidas T-9 e T-10, em locais de recuo da calçada. Sobre o custo-benefício, ele diz que ele está “mais do que comprovado”.

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