Alerta mundial contra diabetes neste dia 27 de junho

A aposentada Lindalva Sobrinho, de 63 anos, vai passar esta quinta-feira, 27, Dia Internacional do Diabético, em situação bem mais confortável desde junho de 2016, quando teve um calo formado no pé esquerdo, que acabou contaminado por uma bactéria e, por pouco, não provocou amputação da perna.

“Teve médico que disse que era trombose”, lembra Lindalva, que descobriu ser diabética, do tipo 2, ainda em 2002. Após longa peregrinação, ela encontrou o atendimento adequado no Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), unidade da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO). “Hoje, só falta um pedaço do tamanho da palma da mão para cicatrizar”, conta, animada.

Embora a infecção não tenha relação direta com o diabetes, é no Centro de Atendimento ao Diabético (Cead), anexo do HGG, que Lindava também recebe, desde 20 de junho, cuidados multidisciplinares, de profissionais como endocrinologistas e psicólogos. E só não está melhor porque teve também problemas nas retinas dos olhos. Do esquerdo, já foi operada. “Mas estou bem”, garante a aposentada, que faz parte do universo de pelo menos 46.478 portadores de diabetes no Estado, conforme o mais recente número disponível no Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab), em 2015.

Atendimentos como o recebido por Lindava, embora necessários e disponíveis na rede estadual, é tudo o que o serviço público de saúde brasileiro tenta reduzir, sobretudo com educação e prevenção. Ações nesse sentido em Goiás são realizadas pela Coordenação de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis, da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) da SES-GO. Com abordagem multidisciplinar, a coordenação já executou atualização para 27 nutricionistas e 146 enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, em 2018 e 2019, com previsão de ampliação para outras categorias e municípios.

Educando Educadores

Outra iniciativa é Projeto Educando Educadores, que formam profissionais da saúde que atuam na atenção primária ou especializada em educadores em diabetes. Executado em parceria com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), o projeto qualificou em Goiás, nos últimos quatro anos, cerca de 240 profissionais. Nova edição está prevista para outubro deste ano.

Segundo Andréia Sardinha, técnica da coordenação, nessas qualificações são abordados temas referentes ao impacto global e a magnitude do diabetes em todos os países. Além de assuntos como educação em diabetes, são discutidos ainda os benefícios da atividade física e educação nutricional, tratamento farmacológico, monitoração de glicemia, metas glicêmicas, manuseio das insulinas, manejo das complicações agudas e crônicas do diabetes, e, ainda, a legislação referente aos direitos dos portadores de diabetes.

Selma Tavares destaca, dentre esses temas, o manejo das complicações do diabetes, com ênfase na prevenção e no cuidado do pé diabético. “É uma das principais causas de amputação de membros inferiores em pessoas com diabetes, o que gera aumento de índice de internações hospitalares”, alerta a coordenadora. “Portanto, o enfermeiro tem papel primordial nessa prevenção e no cuidado com esse pé diabético”, ressalta.

Prevenção primária

Andréia, por sua vez, acrescenta ser importante que os profissionais que atuam na atenção primária estejam atentos não apenas para os sintomas do diabetes, mas também, para os fatores de risco. Ela cita como fundamentais as ações que possibilitem a prevenção primária, que é o rastreamento de quem tem o alto risco de desenvolver a doença, e assim, poder iniciar os cuidados preventivos.

Já na prevenção secundária se faz o rastreamento de quem tem o diabetes mas não sabe. Dessa forma, é possível oferecer o tratamento mais precocemente. Entre essas medidas estão a mudança de estilo de vida, o controle das glicemias, que são as taxas de glicose no sangue, e a prevenção das complicações agudas e crônicas.

Outro importante serviço da saúde estadual no combate à doença é realizado pela Assistência Farmacêutica, da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde. A gerente do setor, Maria Bernadete Souza Napoli, lembra que, por determinação do Ministério da Saúde (MS), a Assistência Farmacêutica distribui para as Regionais de Saúde e para os municípios de Goiânia e Aparecida as insulinas Humanas NPH e Regular, para pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, conforme prescrição médica e protocolos do MS, que é também quem adquire e repassa o medicamento.

Câmara frias

Antes de seguirem para os municípios, as insulinas são armazenadas na Central de Abastecimento Farmacêutico em câmaras frias, com temperatura entre 2ºC e 8ºC. Posteriormente, são armazenadas nas Regionais de Saúde, que realizam a distribuição aos municípios, por meio de caminhão refrigerado ou embalagem térmica.

As insulinas enviadas são fornecidas a pacientes como Lindalva e também a pedagoga Simone Maria Rabelo, que tem diabetes do tipo 1 desde os 14 anos, a exemplo de outros quatro dos sete irmãos. “Farei 14 anos de diabetes este ano”, lembra, com naturalidade. Até porque, considera, hoje é bem mais fácil conviver com a doença. “Há 40 anos não havia insulina boa e, quando eu viajava, precisava até levar uma caçarola para ferver agulha e seringa”, lembra, sem saudade.

Simone diz levar hoje uma vida que ela define como tranquila, mesmo tendo de furar os dedos das mãos pelo menos três vezes ao dia, para aplicar a insulina de ação rápida – a de efeito lento é aplicada a cada 24 horas. Outro inconveniente são as eventuais crises de hipoglicemia (queda na taxa de açúcar no sangue). “Não ando sem balinhas, mas levo uma vida normal”, garante, para reconhecer, porém, que se trata de uma situação em que é preciso ter resignação, para manter a saúde em dia. “Aceitação é fundamental”, orienta.

Saiba Mais:
O diabetes é classificado em dois tipos:

– Tipo 1 (doença autoimune), ocorre a deficiência da insulina, hormônio que metaboliza a glicose sanguínea. Ou seja, o organismo não produz a insulina. Ocorre, principalmente, em crianças e adolescentes sem excesso de peso e, geralmente, se inicia de forma abrupta, sendo descoberta já com hiperglicemia acentuada (elevada taxa de glicose no sangue).

– Tipo 2, que é a deficiência relativa da insulina, há um estado de resistência da ação do hormônio, associado a um defeito na sua secreção (existe pouca produção de insulina e, quando existe, há resistência na sua ação de metabolizar a glicose sanguínea).

Na maioria das vezes, os casos são assintomáticos, necessitando rastreamento por meio dos fatores de risco, como, pessoas com 45 anos e mais, com pré-diabetes, quem tem parente de primeiro grau com diabetes; mulheres com diagnóstico prévio de diabetes gestacional, história de doença cardiovascular, hipertensão arterial, alteração de colesterol, síndrome de ovário policístico. E também menores de 45 anos que tenham um desses fatores de risco associado ao sobrepeso e obesidade.

Outra forma de descobrir é quando o paciente apresenta sinais de complicações, quando são atingidos vasos sanguíneos, nervos, pés, olhos e rins, geralmente associados à hipertensão arterial. Normalmente manifesta-se em adultos com longa história de peso e com história familiar de diabetes tipo 2, mas observa-se também um aumento na incidência em jovens, até mesmo em crianças e adolescentes, caracterizando a epidemia da obesidade.

– Sintomas clássicos: excesso de sede e de fome, urinar com frequência elevada, perda de peso sem intenção, fraqueza, cansaço, dor em membros inferiores

– Sintomas gerais: visão turva, feridas que não cicatrizam, perda da sensibilidade dos membros inferiores e infecções de repetição.

– Para fazer o diagnóstico da doença, utilizam-se exames laboratoriais que avaliam o valor de glicose no sangue (glicemia).

Números

– No Brasil, mais de 12 milhões de pessoas são diabéticas, com projeção de 20 milhões para 2045 (dados de 2017, da Internation Diabetes Federation – IDF)

– De acordo com o Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab), foram cadastrados em Goiás, em 2015, 46.478 portadores de diabetes.

– O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mostra que 1.637 pessoas morreram por diabetes em Goiás, em 2016. Em 2017, os números subiram para 1.814. Nos dois casos, houve prevalência no sexo feminino e nas faixas etárias de 60 a 79 anos

– Já o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS mostra que, em 2016, foram registradas 3.679 internações hospitalares; 3.795 em 2017 e 3.412 no ano passado.

Como evitar

– Tenha uma alimentação saudável, priorizando alimentos na forma natural, o consumo diário de vegetais e frutas, preferencialmente alimentos grelhados e cozidos; com redução de açúcares, sal, óleo, alimentos industrializados.

– Evite o uso abusivo de álcool e o cigarro

– Realize atividade física de, no mínimo, 30 minutos, pelo menos três vezes na semana, respeitando os fatores de risco cardiovasculares e as complicações, caso já tenha o portador de diabetes

– Durma bem (de 6 a 8 horas)

– Evite o estresse

Foto: Sabba Nogueira

Comunicação Setorial da Secretaria da Saúde de Goiás
Mais informações: (62) 3201-3784, 3201-3816 e 3201-3811

Banner Mobile

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo