Pesquisadores do Brasil e Reino Unido lançam livro sobre Medicina e Ciência da Dança

A Rede Brasil-Reino Unido em Medicina e Ciência da Dança (Rede BR/UK em MCD) faz no dia 4 de março, o pré-lançamento (virtual até que seja possível fazer o lançamento presencial) do seu primeiro livro: o Guia de Medicina & Ciência da Dança, pela Editora Kelps. O lançamento on-line será às 12h30 pelos canais do Instagram adribittar, uegoficial, fisioterapia_ueg e britishcouncil. A obra foi escrita por 23 autores/pesquisadores que contam as suas diferentes experiências na Medicina e Ciência da Dança. São membros brasileiros e britânicos integrantes da Rede que dividem parte do conhecimento em um livro-guia bilateral e bilíngue com contextos transversais e olhares diversos.

São vivências de profissionais do Brasil e Reino Unido reunidas em uma cooperação interinstitucional, interdisciplinar, coletiva em busca de uma construção identitária e de uma maior visibilidade para o que tem sido feito nos países envolvidos em termos de pesquisas e serviços nesta área. A obra conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) dentro da parceria estabelecida com o British Council (Conselho Britânico), através do Fundo Newton. A rede BR/UK também é fruto de fomento da Fapeg e do Fundo Newton.O livro aborda o conceito e a história da Medicina e Ciência da Dança (MCD), com dois capítulos sobre essa área no Reino Unido e Brasil, contando a origem da Rede BR/UK, a fisiologia e biomecânica aplicadas à dança, as formas de avaliação dos dançarinos, o que tem sido feito sobre treinamento suplementar para a dança, Pilates e educação somática, definição de lesões na dança, suas prevalências e incidências, além da medicina, fisioterapia e psicologia aplicadas a esta área, destaca o fisioterapeuta, pesquisador, professor doutor Adriano Bittar, da Universidade Estadual de Goiás/Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás (UEG/Eseffego). Bittar é um dos organizadores do livro.

Adriano Bittar tem participação na obra, em oito dos dez capítulos disponíveis. Para ele, o livro representa uma oportunidade única de ver a dança enquanto área pertencente à ciência, tecnologia e inovação. “Acredito que isso estimula a visão não-fragmentada da dança, e aumenta as chances dela ser amplamente utilizada e pesquisada, quiçá aplicada de forma respeitosa e ética, servindo a tantos, desde aos próprios bailarinos, cientistas, professores, pedagogos, coreógrafos, diretores, médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e profissionais da educação física, sem citar aos diferentes tipos de pessoas com doenças variadas. Nesse mundo caótico, as artes têm papel fundamental, trazendo a valorização e o contato com o subjetivo de cada um, o imaginário e a capacidade de sonhar, ver o mundo através de lentes de aumento que afetam e trazem reflexões e mudanças necessárias”, completa Bittar.

O livro conta ainda com a organização do professor Matthew Wyon, líder na área da MCD, da Escola de Artes Performáticas da Universidade de Wolverhampton, na Inglaterra, e cocriador da Rede; Derrick Brown, nutricionista esportivo e professor de Medicina da Dança na Universidade de Berna, na Suíça; da professora Valéria Figueiredo dos Programas de Pós-graduação em Dança e Teatro das Escolas de Teatro e Dança da Universidade Federal de Goiás (Escola de Música e Artes Cênicas e Faculdades de Educação Física e Dança); e da professora Aline Haas, do Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O que é MCD
A Medicina e Ciência da Dança envolve algumas das áreas que estudam a dança de forma integrada como a educação física, neurociência, biomecânica, poética, fisioterapia, fisiologia, ciência, nutrição, psicologia, medicina, arte, processos de composição na dança, e educação. Os atores investigam as causas das lesões decorrentes da dança; promovem a prevenção, tratamento, reabilitação e acompanhamento do retorno do dançarino às atividades, explica o professor Adriano Bittar. A MCD explora, ainda, as habilidades e técnicas para a eficaz realização do movimento humano, a aplicação da dança para problemas de saúde em geral, o condicionamento físico, a biomecânica, a qualidade de vida, processos criativos em dança contemporânea, educação somática, controle postural, marcha e uma infinidade de outros temas.

A criação da Rede também é resultado da parceria da Fapeg e o British Council. Foi idealizada e inicialmente organizada pelos professores Adriano Bittar e Matthew Wyon. A primeira ação para o estabelecimento dessa Rede foi a realização de um simpósio internacional – “As Potencialidades e Desafios da Pesquisa em Medicina e Ciência da Dança: construindo colaborações inovadoras entre o Reino Unido e Brasil”, que aconteceu de 27 a 31 de agosto de 2016, no Centro Cultural da Universidade Federal, em Goiânia. O simpósio foi fomentado pela chamada pública Researcher Links de financiamento para realização de workshops científicos no Brasil, lançada pela Fapeg e Conselho Britânico. O evento reuniu pesquisadores doutores que criaram um plano estratégico que deu origem à rede com o objetivo de desenvolver pesquisas e serviços colaborativos durante o período de 15 anos.

A Rede BR/UK já está fazendo do Brasil, de Goiás e da Eseffego, polos produtores de conhecimento e serviços de qualidade nesta área de estudo em prol da qualidade de vida e educação em saúde do dançarino. Os pesquisadores discutem, desenvolvem pesquisas e serviços colaborativos de excelência em dança nas várias vertentes que abrangem aspectos da área da saúde, treinamento, performance, educação e arte, e trocam tecnologias que levam à promoção do bem-estar e saúde dos dançarinos. Estes pesquisadores já começaram a desenvolver trabalhos mostrando que a medicina e a dança são campos de estudo relacionados e complementares, e que juntos, sem preconceitos, serão capazes de promover o crescimento da dança no mundo.

A MCD, segundo Bittar, é uma área com mais ou menos 35 anos de existência, mas que no Brasil começou mais tarde. “Aqui os trabalhos são mais recentes, e, apesar das pesquisas serem de boa qualidade, ainda são poucas e não havia um grupo coeso que se dedicasse ao estudo da MCD, o que não oferecia visibilidade e aproveitamento do que estava sendo produzido”, comentou o professor Adriano Bittar, ressaltando que a Rede está cumprindo este papel. “A Rede já está oficializada enquanto projeto de extensão da UEG, UFG, IFG e Universidade de Wolverhampton que estão colaborando de maneira profícua, via caminhos usuais de fomento à pesquisa”, comentou o professor Adriano Bittar.

Para o professor Matthew Wyon, da Universidade de Wolverhampton, “a partir desta Rede, podemos encontrar campos de atuação comuns, áreas de atuação similares, trazendo as pesquisas individuais para começar a pesquisar como um grupo. O maior ganho que eu vejo é estar em contato com as pessoas que antes a gente só conhecia pelo nome nos artigos científicos. A partir de então, passamos a pesquisar em conjunto, buscando ver diferenças e similaridades entre os dançarinos brasileiros e os do Reino Unido, estabelecendo novas frentes de pesquisa e atuação.”

“A Rede nos dá a possibilidade de desenvolver e divulgar os diversos trabalhos produzidos, bem como, vai incentivar novas ações colaborativas durante o período de 15 anos, estabelecendo caminhos transdisciplinares, abarcando a diversidade e as diferentes possibilidades que os pesquisadores brasileiros e ingleses vêm desenvolvendo entre as áreas da Dança, da Ciência e da Saúde,” comenta a professora Valéria Figueiredo.

Ações
Nestes anos em que a Rede está em ação, o professor Adriano comemora o grande salto dado: “Temos uma profusão de ações, mas tudo só foi possível a partir do fomento da Fapeg e do British Council. Sem esse apoio inicial, nada disso estaria acontecendo!”

Bittar cita um recente feito da Rede: a parceria estabelecida com o Conselho Brasileiro de Dança (CBDD), cujo objetivo é ajudar a identificar e auxiliar pessoas com potencial artístico, independente da circunstância pessoal, que possam beneficiar-se de especialistas com conhecimentos para oportunizar o desenvolvimento de uma educação equilibrada e ampla. Eles pretendem trabalhar com palestras informativas e educativas para contribuir para a autonomia e melhora das práticas cotidianas, sejam elas amadoras ou profissionais; e aconselhar para melhor desenvolvimento de carreira, dentre outras possibilidades.

Essa parceria com o CBDD possibilitou, por exemplo, que os professores Bittar e Patrícia Rocha montassem, em outubro de 2018, um serviço de fisioterapia dentro do Prix de Lausanne, etapa sul-americana, realizada em Goiânia. O Prix é um dos maiores e mais consagrados festivais competitivos na dança clássica, que premia jovens bailarinos com bolsas de estudo e contratos de trabalho nas melhores escolas e companhias de dança do mundo.

Entre as metas para os próximos anos da Rede estão: criar parcerias efetivas entre grupos relacionados; solicitar financiamento para intercâmbios de estudantes, para pesquisas temáticas multicêntricas, compra de equipamentos e materiais; criar um calendário efetivo de eventos/workshops/conferências e congressos; definir subprodutos educacionais; divulgar ações educativas e promover cursos e treinamentos; promover ações de inclusão social para pessoas em vulnerabilidade social; promover avaliações métricas funcionais e formalizar a periodização de relatórios descritivos das ações da Rede.

Fonte: Fapeg-GO

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