Curso capacita profissionais sobre programa de controle do tabagismo
“Todos os dias morrem 327 pessoas no Brasil por doenças relacionados ao tabagismo, segundo o Instituto Nacional de Câncer. É como se um avião Boeing caísse todos os dias”. A fala é do pneumologista Celso Antônio Rodrigues durante o treinamento oferecido pela Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO), nesta terça-feira, dia 8, aos profissionais das Regionais de Saúde.
O curso, realizado na Escola de Saúde de Goiás prossegue até esta quarta-feira, dia 9. Organizado pela coordenação de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Secretaria, busca atualizar os servidores sobre o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
Segundo a coordenadora do Programa no Estado, Selma Tavares, o destaque da programação é orientar sobre uso do Narguilé e de cigarros eletrônicos. Ela explica que essas práticas têm aumentado, em especial entre os jovens, por isso é importante um alerta. No cronograma existe ainda temas como o apoio medicamentoso ao usuário e abordagem correta ao dependente. De acordo com Selma, hoje não se trata o usuário apenas com medicamento, pois é preciso o apoio psicológico, que é a base do tratamento, já que busca incentivar a mudança de comportamento.
A SES-GO busca, junto com as Regionais de Saúde, apoiar os municípios no atendimento ao usuário de tabagismo. Como algumas Regionais possuem dificuldades de acompanhar os municípios e passar informações atualizadas, a intenção é orientar e dar subsídios para que os profissionais possam apoiar as Secretarias Municipais de Saúde.
Com o treinamento, os servidores das Regionais estarão habilitados para capacitar, monitorar e dar a assistência correta aos profissionais dos municípios responsáveis por desenvolverem o Programa na Atenção Primária. As Regionais de Saúde, por estarem mais próximas da realidade municipais, são braços administrativos e de gestão da SES-GO nas inúmeras regiões do Estado.
A coordenadora comenta que é preciso trabalhar as estratégias de enfrentamento da dependência à nicotina, fazendo que o usuário entenda que ele é um agente de transformação do seu comportamento. O foco é fazer com que os participantes terminem o curso entendendo como se trata o dependente e o que é preciso falar para ele parar de fumar. “Não é só dizer fumar é prejudicial a saúde, é preciso ter uma abordagem inteligente”, diz.
Perguntada sobre os números de fumantes, Selma esclarece que nos últimos anos a quantidade reduziu significativamente. Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde (MS), apontam que, em Goiânia, de 2006 e 2018, houve uma redução de 16% para 8% no número de adultos fumantes.
O Vigitel é um inquérito telefônico feitos em todas as capitais do País e compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do MS. A coordenadora revela ainda que existe a previsão de fazer um estudo nas cinco macrorregiões do Estado com o objetivo de monitorar dados sobre as DCNT.
O médico Celso Antônio Rodrigues, coordenador do Programa no Distrito Federal (DF), ressalta que existe uma conscientização sobre os malefícios do tabaco, o que reflete na redução dos índices de fumantes. Contudo é preciso entender que os derivados do fumo representam a maior causa de morte evitável do mundo. “Podemos comparar com os óbitos por acidentes, HIV, dengue, cólera, arma branca, não são maiores do que as mortes relacionadas ao tabaco”. Ele deu exemplo do DF, que a cada dia morrem 12 pessoas em decorrência dessas doenças.
O pneumologista diz que qualquer apresentação, como o narguilé, cigarro eletrônico, charuto, cachimbo, acaba matando seu usuário. As doenças que mais matam, segundo Rodrigues, são o infarto agudo do miocárdio, o câncer de pulmão e o acidente vascular cerebral. O médico ainda explica que dos mais de 4.700 produtos químicos encontrados no cigarro, 60 estão ligados diretamente na formação de câncer.
Sobre o cigarro eletrônico, Celso fala indignado que uma de suas pacientes faleceu após quatro anos do uso do produto. “Essa paciente tinha 23 anos e o pulmão dela estava todo destruído. Esses produtos são muito perigosos e precisamos fazer um alerta sério”, comenta.
Sebastião Nogueira (fotos), da Comunicação Setorial
Comunicação Setorial da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
Mais informações: (62) 3201-3784, 3201-3816 e 3201-3811