Sistema BRT é a solução para Goiânia? – Rusembergue Barbosa.
O crescimento superacelerado – quintuplicou, em duas décadas, saltando de 200 mil em 1990 para 1 milhão, atualmente – da frota de veículos em circulação em Goiânia agrava o grande desafio da nossa capital: como equacionar o problema da mobilidade urbana?
Sem uma solução, em cinco anos, a cidade vai parar. E o trânsito, que já é infernal em muitos trechos e cruzamentos, nos horários de pico, ficará totalmente impraticável. Não mais minutos, mas horas preciosas da vida do cidadão goianiense serão desperdiçadas na batalha diária para sair de casa e chegar ao trabalho ou à universidade, e vice-versa. Estamos, literalmente, à beira do caos. Não há rua para tantos carros e, principalmente, para os ônibus, na lógica perversa que privilegia o transporte individual.
Mas, como fazer com que os motoristas troquem a comodidade do automóvel próprio pelo transporte coletivo? Qual o modal mais indicado para solucionar esse problema? Esta é uma questão crucial, que precisa ser colocada na ordem do dia e na pauta dos debates, nas universidades, nas associações comunitárias, no Poder Legislativo, no fórum empresarial e nas entidades de classe. Sem a participação consciente da sociedade, não vamos sair dessa sinuca. Cada alternativa deve ser profundamente avaliada, e consideradas as experiências bem-sucedidas no mundo.
Uma delas foi apresentada recentemente, durante o 23º Seminário Nacional NTU, promovido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, que teve como tema “Transporte de qualidade para uma vida melhor”. Trata-se do chamado BRT (Bus Rapid Transport), um sistema de transporte de ônibus que, segundo os especialistas, proporciona mobilidade urbana rápida e confortável, a um custo razoável.
A ideia do BRT é bastante atraente pelos significativos benefícios duradouros que este enseja, como: redução do tempo de viagem e da espera nos pontos; confiabilidade – o usuário sabe, por meio de painéis informativos, em quanto tempo estará disponível o próximo ônibus –, conforto, reduzido impacto ambiental – possibilita o uso de energia limpa – e revitalização do espaço público.
Ele teria também diversas vantagens comparativas ao tradicional metrô e ao modelo VLT. A sua implantação requer um tempo dois terços menor em relação ao metrô e metade do necessário para o sistema Veículo Leve sobre Trilhos, pensado para Goiânia. Baseado na implantação de uma rede de canaletas exclusivas com atributos especiais, como múltiplas posições de paradas nas estações, veículo articulado com múltiplas portas e sistema de informações aos usuários, o BRT está em voga no mundo.
Vem sendo implantado, com sucesso, em Bogotá, Santiago, México, Johannesburgo, em várias cidades da China, Europa, Estados Unidos e Canadá. Das 12 cidades que sediarão o mundial no Brasil, nove já optaram por esse sistema. Ao todo, serão construídos 20 BRTs, sendo 6 em Belo Horizonte, 4 em Fortaleza, 2 em Manaus, Recife, Porto Alegre e Cuiabá, 1 no Rio de Janeiro, Curitiba e em Salvador. Aliás, foi em Curitiba, em 1974, que o primeiro BRT começou a operar. Após a adoção desse sistema, a cidade virou sinônimo de sucesso urbano.
Sistema de transporte por ônibus, eficiente, de alta capacidade e alta qualidade, operado de forma semelhante ao metrô, capaz de atender os usuários com rapidez e conforto, o BRT é uma combinação de infraestrutura viária, veículos, operação e sistemas de controle, para oferecer ao cidadão um serviço de transporte público de qualidade.
O BRT é mais barato. Custa um quarto do VLT. Um quilômetro desse sistema é um décimo do custo de implementação da mesma extensão de metrô. A proporção é de US$ 10 milhões para um quilômetro de BRT para US$ 100 milhões para um quilômetro de metrô.
Esta é uma alternativa que precisa ser pensada para Goiânia e colocada em prática. Afinal, não há mais tempo. A cidade caminha para o caos, o que requer rapidez na solução. O ideal seria que ela pudesse convergir serviço de metrô, rede de linhas e corredores integrados, estações fechadas de alta qualidade, cobrança externa, serviço rápido e frequente, veículos modernos, tecnologia limpa e um serviço de nível. Basta de meros paliativos.
Rusembergue Barbosa é presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal e presidente do PRB de Goiânia
(rusemberguebarbosa@gmail.com)
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