Mais motos e mais mortes em Goiás.


No estado, 58 municípios já têm mais motocicletas que carros, segundo o denatran.

A expansão acelerada da quantidade de motocicletas em circulação em Goiás refletiu-se diretamente no número de mortos em acidentes com este tipo de veículo nos últimos anos. Entre 2005 e 2009, as mortes em acidentes envolvendo motos subiu 36% no Estado, segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO).

Na capital, enquanto a frota de automóveis cresceu cerca de 50% nos últimos dez anos, a de motos subiu 136,9%. Também em Goiânia, a quantidade de pessoas mortas em acidentes de carro entre 2005 e 2009 sofreu leve redução, mesmo com aumento de cerca de 16% no número de acidentes envolvendo automóveis. Ocorreu o mesmo no Estado: redução de mortes em acidentes com automóveis e aumento nos que envolveram motocicletas.

Hoje, 58 cidades goianas têm mais motos que carros no trânsito, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Já são quase 25% do total de municípios do Estado (veja quadro). Os números mostram que o uso dos veículos de duas rodas cresce não apenas nos grandes centros como também nas pequenas e médias cidades, elevando, ainda, a quantidade de acidentes e de mortes envolvendo motociclistas.

O município goiano com a maior quantidade de motos em relação ao número de automóveis é Minaçu, cidade de 32 mil habitantes no Norte do Estado, seguido por Mozarlândia, Santa Terezinha de Goiás, Doverlândia e Fazenda Nova. Em Minaçu, segundo o Denatran, há 1.032 motos a mais que carros em circulação. “Este é um fenômeno nacional”, ressalta o presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Antenor José Pinheiro dos Santos.

As facilidades de financiamento para a compra de uma motocicleta são enormes, o que atrai cada vez mais adeptos. “Estima-se em 60 mil a quantidade de pessoas exercendo a função de motofrete no Estado”, aponta. De acordo com Antenor, o Cetran está empenhado em conseguir antecipar a regulamentação desse tipo de serviço no Estado, conforme legislação federal aprovada no ano passado, com o propósito de melhorar sua qualidade e de reduzir a acidentalidade.

Nas pequenas e médias cidades, avalia o engenheiro e mestre em Transportes Renato Mundim, a motocicleta acaba sendo vista como bastante eficiente e tem substituído em, grande escala as bicicletas, por exemplo. “Além de representar, muitas vezes, status, poder e sobrevivência, tendo em vista que a moto, também no interior, tornou-se uma ferramenta de trabalho”, ressalta.

Renato Mundim considera urgente uma tomada de decisão do governo no sentido de se identificar os fatores relacionados ao aumento da frota de motocicletas e os acidentes envolvendo esse tipo de veículo. Segundo ele, isso se faz necessário para que seja possível desenvolver políticas eficazes de combate à violência no trânsito. Ex-superintendente de Trânsito de Aparecida de Goiânia, o especialista lembra que, no município, a quantidade de lesões causadas por acidentes envolvendo motos impactou negativamente não só os atendimentos nos hospitais, como também o trabalho desenvolvido pelas equipes do Programa de Saúde da Família (PSF)

Oito pessoas morreram em acidentes nas rodoviasque cortam o Estado entre a tarde de domingo e a manhã de ontem. Só nas rodovias estaduais, entre sexta-feira e ontem, foram dez mortos (um deles não contabilizado pelo Batalhão Rodoviário da Polícia Militar, pois aconteceu depois do socorro). A maioria dos casos está relacionada à imprudência dos condutores, diz o comandante do Batalhão Rodoviário, tenente-coronel Washington Luiz Alves Cavalcante.

Nas rodovias estaduais, seis pessoas morreram entre as 18 horas de domingo e a manhã de ontem. O primeiro acidente aconteceu na GO-319, entre Aparecida de Goiânia e Nova Fátima. Maria Rodrigues Guerra, de 80 anos, era passageira de um Fusca, que bateu de frente com um caminhão. O motorista, Francisco Almeida Guerra, de 51, e outra passageira, Divina Alves de Almeida, de 50, ficaram feridos. Eles foram socorridos, mas Maria Rodrigues não resistiu.

Momentos depois, na GO-215, entre Pontalina e Edealina, uma colisão frontal entre um ônibus e uma moto matou do motociclista Lindomar Afonso, de 49 anos. Já no final da noite de ontem, Gabriel Luís Saraiva, de 20 anos, morreu depois de perder o controle da Blazer que dirigia e capotar. O acidente aconteceu na GO-213, entre Caldas Novas e Ipameri, na região Sul do Estado.

Na GO-409, entre Maurilândia e Turvelândia, um Gol bateu com uma moto, provocando a morte imediata do motociclista, Osvalcir Silva Dourado, de 28 anos. Já na madrugada de ontem, Eliomar do Carmo Bueno, de 21 anos, pilotava uma moto quando bateu de frente com um Palio. O acidente aconteceu na altura do quilômetro 46 da GO-330, entre Anápolis e Campo Limpo.

Atropelamento
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atendeu dois acidentes com vítimas. Uma mulher morreu atropelada na noite de domingo na BR-060, no perímetro urbano de Anápolis. De acordo com a PRF, a vítima tentava atravessar a rodovia quando foi atropelada por uma moto. O motociclista, que não foi identificado, fugiu do local sem prestar socorro. A moto havia sido furtada no último sábado.


Ainda no perímetro urbano de Anápolis, por volta de 22 horas de domingo, um motociclista morreu depois de perder o controle da direção e cair na rodovia. Os nomes das vítimas não foram informados pela Polícia Rodoviária Federal.

“O transporte coletivo é falido e caro”, diz presidente do Cetran-GO
Um dos fatores considerado como grande indutor para o aumento da frota de motocicletas em circulação nas cidades brasileiras, acentua o presidente do Conselho Estadual de Trânsito em Goiás (Cetran-GO), Antenor Pinheiro, é a deficiência do transporte público, especialmente nas grandes cidades. “Em Goiânia, o transporte público é falido e caro. As pessoas fazem as contas e percebem que fica mais barato trocar o ônibus pela moto”, analisa.

Mas, de acordo com o presidente do Cetran, o Estado deve desmotivar o uso da motocicleta como alternativa ao transporte público porque essa conduta representa mais riscos de acidentes e mortes. “Que cidade nós queremos para o futuro? É pensando nessa resposta que o governo deve investir em transporte público”, acentua.

O engenheiro Renato Mundim também é um crítico dos incentivos fornecidos pelo governo destinados ao transporte individual. “O governo federal defende a redução do IPI para a compra de veículos sob o argumento de que isso gera mais emprego. No entanto, é o transporte coletivo que gera mais vagas de trabalho”, defende.

Para ele, cabe aos responsáveis pelas políticas de trânsito e transporte a adoção de uma postura mais agressiva quanto ao fenômeno da motocicleta. Essa postura, segundo diz, deve atentar a questões relacionadas à formação e punição do condutor e à exigência de uso de equipamentos obrigatórios, entre outras.(D.A.)

O Popuar – Carla Borges //

Banner Mobile

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo