Em 3 meses, número de acidentes é 66% dos registados em 2009
A imprudência de motoristas é a principal causa dos acidentes ocorridos nos 20 cruzamentos mais críticos de Goiânia, segundo avaliação de especialistas ligados a órgãos de controle do trânsito da cidade e da própria população. Somente nestes três primeiros meses do ano, foram registrados pela Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT) 98 acidentes nestes locais.
O número já corresponde a 66% dos casos contabilizados em todo o ano de 2009 (147 no total) em cruzamentos com alto grau de acidentabilidade. Os especialistas acreditam que, para diminuir esses índices, é necessário investir em educação, sinalização das vias e fiscalização. Para se ter uma idéia do desrespeito às leis de trânsito, mesmo com sinalização vertical, horizontal e semafórica, o cruzamento entre as Avenidas Anhanguera e Perimetral Norte, no Setor Capuava, permanece no ranking dos 20 mais críticos há dois anos consecutivos. Somente nos três primeiros meses deste ano, foram registrados no local oito acidentes, apenas dois a menos que em todo o ano de 2009.
O vendedor Wagner Paulo Faria, de 26 anos, trabalha há seis anos em um comércio próximo ao cruzamento entre aquelas avenidas e é categórico ao dizer que a imprudência é a principal causa dos acidentes no local. Segundo ele, em um dos pontos de confluência das duas avenidas, existe espaço para a passagem de apenas dois veículos, mas, normalmente, três veículos insistem em fazer a curva. “é quando um esbarra no outro e ocorrem as colisões”, diz. Outro problema apontado por ele naquele local ocorre quando motoristas não respeitam a sinalização de “Pare” que fica na esquina da Avenida Inhumas com a Avenida Anhaguera. “Quase ninguém respeita a placa e entra direto na rotatória.
A imprudência é muito grande, principalmente ao se passar no sinal fechado”, explica. Para ele, uma das medidas para solucionar o problema seria a implantação de um viaduto no local – órgãos ligados as rodovias estaduais e vias municipais estudam o projeto. Além disso, ele observa que deveria existir no local redutor de velocidade e quebra-mola para impedir que os motoristas avancem em alta velocidade pelo cruzamento. O borracheiro Deuclécio Leitão da Silva Júnior, que mora nas proximidades há mais de dez anos, diz que já presenciou inúmeros acidentes e, no ano passado, quase se tornou vítima de um deles.
Ele relata que estava na garupa de uma moto contornando a rotatória daquele cruzamento quando o motorista ignorou o sinal de “Pare”. “Apesar de a preferência ser nossa, tivemos que desviar para não bater. Esse tipo de situação é comum aqui”, diz. Deuclécio observa que, apesar de a ocorrência de acidentes ser frequente no local, os comerciantes e moradores sempre se assustam com as batidas, por menor que seja a gravidade. Sinalização não é desculpa, diz PM O Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (PM), que fiscaliza as ruas da Capital, não trabalha com as estatísticas de acidentes nesses cruzamentos.
Apesar disso, o tenente-coronel Lucimar Mesquita faz uma análise das causas das ocorrências nestes locais. Ele diz que, onde existem cruzamentos na cidade geralmente existe sinalização. Além disso, diz que o Código Brasileiro de Trânsito (CBT) é claro ao especificar que a preferência em um cruzamento é sempre do motorista que entra pela direita. “O motorista tenta justificar o erro na falta de sinalização, mas, se for habilitado, tem por obrigação saber as regras do código de trânsito”, ressalta. Mesquita lembra que pesquisas comprovam que em cerca de 80% dos casos, os acidentes ocorrem por imprudência dos motoristas. “é por isso que existe a exigência da direção defensiva”, completa. Ele observa que, em Goiânia, existem apenas duas vias de trânsito rápido, que é a Marginal Botafogo e justamente a Perimetral Norte.
Nesses locais, a velocidade máxima permitida é de 80 quilômetros por hora, nas outras vias a velocidade é de 60 quilômetros. “Essas são regras que devem ser seguidas, independente da sinalização. Se todos respeitassem, o número de acidentes seria bem menor”, diz. (W.R.) Monitoramento é frequente, diz AMT O presidente da Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT), Miguel Tiago, diz que o órgão faz o monitoramento frequente de todos os cruzamentos que compõe o ranking dos mais críticos da cidade.
Ele explica que a AMT garante a boa sinalização em cada um deles e que, a exemplo do que dizem os moradores dessas regiões, os acidentes ocorrem principalmente pelo desrespeito às normas de trânsito. Miguel lembra que, quando está tudo sinalizado, a obrigação da AMT, por exemplo, foi feita e, por isso, a alternativa para se diminuir o índice de acidentabilidade nesses locais é trabalhar de forma intensiva a educação dos motoristas em conjunto com a fiscalização.
“A desobediência à sinalização está intimamente ligada à falta de cidadania e à falta de respeito ao próximo. é a lei do individualismo e do levar vantagem.” Uma alternativa seria implantar o escalonamento de horários – principalmente no comércio – para diminuir o fluxo de veículos e, consequentemente, os riscos de acidentes. “Essa é nossa grande proposta”, diz. Miguel lembra também que os pontos críticos mudam de ano para ano e o grau de acidentabilidade também.
Em 2009, quando foram contabilizados pela AMT 147 acidentes com quatro óbitos, o cruzamento onde ocorreu mais acidentes foi na Avenida Goiás com a Avenida Paranaíba (17) e, este ano, a Rua 9 com a Assis Chateaubriand lidera o ranking, com nove acidentes. (W.R.)
Wanessa Rodrigues – Hoje