Celular: imprudência nacional


Talvez para muitos não seja. Mas digo com toda certeza que o uso do celular hoje no trânsito se tornou uma imprudência nacional.

Quem nunca presenciou um motorista dirigindo e falando no celular ao mesmo tempo? No que diz respeito à legislação de trânsito vigente, o Código de Trânsito Brasileiro é taxativo ao citar em seu artigo 252, inciso VI que conduzir veículo e falando ao celular ao mesmo tempo é infração média, punida com 4 pontos na CNH e multa de R$ 85,13. Entretanto, o que mais se nota é motorista falando ao celular enquanto dirige.

Daí surge o seguinte questionamento: Porque os condutores brasileiros insistem em fazer uso do celular enquanto dirigem? Será que nos dias atuais, é impossível viver sem ele? Com toda certeza não. Entretanto, dirigir e falar ao celular ao mesmo tempo não é uma mistura perigosa? Sem dúvida! As estatísticas comprovam que o simples fato de o motorista falar ao celular enquanto dirige, tem reduzida em 30% sua atenção difusa.

Atenção difusa na direção defensiva é aquela em que o condutor está atento a tudo que ocorre em sua volta, sem de descuidar dos cuidados indispensáveis à segurança no trânsito. Aliada a essa perda de atenção, conseqüentemente ele terá dificuldades em sua percepção e reação, facilitando assim a ocorrência do acidente. Isso quando consegue evitar, pois quase sempre em situações assim, o fator “celular” tira sua concentração. é importante ressaltar que atualmente o uso do celular na direção do veículo é uma das principais infrações constatadas pelos agentes de trânsito em Goiás, juntamente com o excesso de velocidade e o desrespeito à sinalização. é um tipo de infração que quase todos cometem e sequer conhecem o risco que ela apresenta. As pessoas acham que usar o celular enquanto dirigem é normal, é bonito.

 Para outros, é sinônimo de status e demonstração de poder! Quanta inocência. Em Países civilizados, este tipo de comportamento é inaceitável. E quando ocorre, a fiscalização é atuante com quem quer que seja. Já aqui, infelizmente, devido a fiscalização ineficiente ou inexistente, esta situação a cada dia se torna mais freqüente justamente pela sensação de impunidade que toma conta do motorista brasileiro.

Longe querer ter um discurso ao estilo Arnaldo Jabor, o qual em suas falas aborda constantemente o comportamento do brasileiro frente a diversas situações. Quero apenas ressaltar neste artigo, na condição de profissional do trânsito, que devemos alterar nosso comportamento ao volante para uma melhor condição de vida e sociabilidade, porque não! Muitos problemas que temos, não só no trânsito, como também na vida cotidiana é resultado de nossas próprias ações.

A conscientização só aparece após o envolvimento em acidentes, quando perdemos entes queridos por um erro que poderia ter sido evitado. O uso do celular na direção é um risco muito grande. Sabemos que é errado, porém fazemos! A legislação é clara, porém não a respeitamos. Enfim, é preciso que cada motorista reflita sobre o seu comportamento ao volante e dos maus hábitos, para que um dia quem sabe, possamos ter um trânsito mais civilizado, e conseqüentemente mais seguro sem a ocorrência de acidentes por falhas humanas, cujo percentual representa hoje 90% dos acidentes, infelizmente.

Cristiano Garcez Gualberto é contador, instrutor e especialista em Trânsito, motorista do Corpo de Bombeiros de Goiás; técnico de Segurança do Trabalho, pós-graduando em Segurança do Trabalho pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá/RJ e professor do Senac/GO

Diário da Manhã

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