Brasil ocupa 5º lugar em poluição
Hoje é dia de deixar o carro na garagem. Uma iniciativa pretensiosa de estudantes dos ensinos Fundamental II e Médio do Colégio Salesiano, localizado na Boa Vista, levaram uma aula de Biologia às ruas do Recife. Pensando no Dia Mundial sem Carro, que acontece hoje em todo o planeta, meninos e meninas abordaram condutores para que busquem outras alternativas para se locomover.
“A ideia é diminuir a quantidade de carros nas vias e, consequentemente, a emissão de gás carbônico para a atmosfera”, afirmou a professora de Biologia e coordenadora do projeto, Elisângela Bezerra. Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a modificação climática é responsável pelo aumento da intensidade das ondas climáticas que serão responsáveis por 150 mil mortes a cada ano. “O Brasil é o quinto no ranking de poluição atmosférica”, explicou a Bezerra. Os automóveis são um dos maiores emissores de gás carbônico (CO2) e, no Estado, só de veículos particulares foram notificados pelo Departamento Estadual de Transito de Pernambuco (Detran/PE), até agosto, uma frota total equivalente a quase 1,6 milhão de carros. Destes, 473 mil são referentes à Capital Pernambucana. Com esse quantitativo, o trânsito colabora com a emissão de gás que prejudica a camada protetora da terra, ocasionando a enorme alteração climática de frios intensos e calores efervescentes.
Os estudantes se sensibilizaram com a situação atual e foram na rua Dom Bosco, no cruzamento com a avenida Agamenon Magalhães a fim de conquistar condutores para que, hoje, procurem utilizar os veículos de maneira consciente. A ação comoveu a assistente financeira Juliana Lima. Ela afirmou que, todos os dias, circula sozinha em seu veículo e que começará a dividir o espaço com pessoas que mora próximo, adotando o sistema da caronas alternativas. “É importante que ações como essa intensifique a relevância dessa causa”, afirmou. O professor de Educação Física Erick Lopes, de 27 anos, faz do transporte alternativo sua rotina diária. Todos os dias ele utiliza uma bicicleta para se locomover, independentemente da localidade. “Apesar de andar de bicicleta ser complicado, com esse tráfego congestionado e motoristas que não respeitam nossa presença, é uma ótima saída para melhorar a qualidade de vida e fugir do sedentarismo”, garantiu.
O professor, que foi pego de surpresa com a ação dos estudantes disse que achou a mobilização interessante, mas que não acredita que o trânsito estará diferente ao longo do dia de hoje. “As pessoas estão acostumadas a andar de carro, é muito difícil tentar mudar isso”. Sinal de que as pessoas ainda não estão preparadas para essa mudança é a falta de atenção quanto a presença dos estudantes nas ruas. Apesar dos cartazes informativos referentes ao movimento, vários motoristas que foram abordadas achavam que os estudantes estavam pedindo esmola. “Eles nem dão atenção e já vão pegando a carteira. Ainda falta muita conscientização, cada um devia fazer sua parte e por isso, mesmo com essa desatenção, vale a pena estar fazendo essa mobilização”, afirmou o estudante do 1º ano Daniel Felipe, de 16 anos.
O Greenpeace, que tem um escritório no Recife há quatro meses apóia essa ação dos estudantes. Para a coordenadora do Projeto Escola do Greenpeace Roberta Bourbon, a informação passada para os alunos é a mais importante porque são eles os responsáveis pelo futuro. “Além de se transformarem em multiplicadores de informação, serão eles que terão que carregar as consequências desse descuido com o mundo. Um dia não é suficiente para acabar com os problemas do mundo, mas já é um começo”, afirmou Bourbon.
Essa mobilização nas ruas é uma das ações que cerca de 200 alunos da instituição vivenciarão durante o Congresso Ecológico que encerra hoje. Além das interferências climáticas, os estudantes tiveram acesso, também, a outras problemáticas ambientais como lixo e como reaproveitar esses objetos.
Folha de Pernambuco