O trecho da BR-060 entre Goiânia e Abadia de Goiás foi palco de sete acidentes no fim de semana, um dos quais resultou na morte de três pessoas, todas carbonizadas. A ocorrência da tragédia coincidiu com a realização de um protesto feito na tarde de ontem pelos moradores das imediações, cobrando a duplicação da rodovia até Abadia de Goiás. Este, conforme os manifestantes, foi o quarto ato realizado por eles nos últimos meses clamando pela melhoria das condições da estrada.

Até a noite de ontem, o Instituto Médico-Legal (IML) não havia identificado as três pessoas mortas no grave acidente. Um funcionário do instituto informou à reportagem que os corpos estavam tão carbonizados que estava difícil identificar até o sexo das vítimas. Existe a suspeita de que se trata de um homem e de duas mulheres. O corpo de uma das mulheres, conforme o IML, possivelmente é de uma geóloga que residia em São Paulo.

O acidente envolvendo as três pessoas ocorreu por volta das 21h30 de sábado, próximo ao Residencial Buena Vista. Elas estavam no Palio alugado, placa NVO-6873, de Goiânia, que se chocou com o Audi, placa KEG-7739, também de Goiânia. O condutor e único ocupante do Audi, Rogério Lopes da Silva Santos, sofreu escoriações em várias partes do corpo de foi encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

O local em que ocorreu o acidente é dotado de dois quebra-molas muito próximos, que servem para os motoristas reduzirem a velocidade na entrada do Residencial Buena Vista, setor recém-implantado pela Prefeitura na Região Sudoeste de Goiânia. Pedaços dos veículos destruídos com a violenta colisão ainda estavam nos quebra-molas na tarde de ontem. As circunstâncias do acidente ainda eram desconhecidas para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que confirmou este e outros seis acidentes no trecho da noite de sábado até a tarde de ontem.

A região tem um fluxo intenso de veículos que acessam os mais de 30 bairros residenciais que margeiam a rodovia federal, a mesma que absorve o tráfego pesado que sai do anel viário e de outras estradas rumo ao Sudoeste do Estado ou vindo de lá.

Ontem, devido à manifestação, o fluxo de veículos foi afetado por mais de uma hora. Os moradores colocaram fogo em pneus nos dois sentidos da rodovia e, até que o Corpo de Bombeiros apagasse as chamas, os policiais rodoviários desviaram o fluxo, passando pelas laterais de um trevo na entrada do Parque Santa Rita.

“Não é possível conviver com essa situação”, diziam os manifestantes, indignados porque já há projeto aprovado e licitado para a duplicação da rodovia, mas sem liberação de verba para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Goiás executar a duplicação. Segundo os moradores, a obra seria duplicada até Abadia em uma etapa, atingindo o ponto mais convulsionado pelo fluxo urbano, e depois seguiria em outras etapas.

Em vez de duplicada, recentemente a rodovia foi recuperada pelo Dnit. Segundo os manifestantes, a sinalização foi colocada depois que eles divulgaram a realização do protesto, há cerca de dez dias. “A tinta está quase fresca”, apontava o comerciante João Nunes da Costa, de 55 anos, um dos moradores que participaram do protesto.

“A informação que corre é que recuperaram a rodovia porque pretendem engavetar o projeto de duplicação e mandar essa verba para a construção de estádios nas cidades que sediarão jogos da Copa de 2014”, queixava-se o professor Antônio Paes de Mendonça, de 59 anos, morador da região há mais de 30 anos.
“Ficamos preocupados porque não se vê ação dos órgãos que deveriam fiscalizar o Dnit, como o Ministério Público. Não se pode preparar tudo para uma obra importante dessas e depois nem dar satisfação”, reiterava João Nunes.