Descaso que pode levar à morte.


Estudo da secretaria municipal de saúde revela que 28% das vítimas de acidentes de trânsito atendidas em três unidades não usavam o cinto de segurança.

Em um mês, pelo menos 368 atendimentos a feridos em acidentes de trânsito poderiam ter sido evitados em Goiânia caso os envolvidos tivessem usado equipamentos de segurança obrigatórios, conforme revela estudo realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Os dados, divulgados na manhã de ontem (veja quadro), mostram que das 665 vítimas de acidentes atendidas em três unidades de saúde da capital entre os meses de outubro e novembro de 2009, 28% não usava o cinto de segurança. Além disso, das 182 crianças menores de 8 anos envolvidas nos acidentes nenhuma estava nas cadeirinhas. A pesquisa faz parte do programa Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) e foi feita no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Hospital Materno Infantil (HMI) e Centro Integrado de Assistência Médica-Sanitária (Ciams) Novo Horizonte.
Os dados foram apresentados durante o 2º Seminário Publicização dos dados da violência e acidentes em Goiânia, realizado no auditório da Companhia Energética de Goiás. O evento faz parte da programação de Goiânia da Semana Nacional de Trânsito, que este ano tem como tema o uso da cadeirinha.
A coordenadora do evento e diretora do Departamento de Epidemiologia da SMS, Flúvia Amorim, explica que os dados revelam a falta de consciência de condutores em relação ao uso de equipamentos de segurança. Ela observa que os motoristas não devem relacionar o uso do cinto de segurança ou da cadeirinha para crianças apenas à aplicação de multas, mas, principalmente, à preservação da vida.
Flúvia ressalta que a estatística demonstra que as consequências da desobediência à legislação de trânsito são graves e podem resultar em mortes. Ela observa que é preciso união de órgãos envolvidos com o trânsito para promover trabalho educativo junto à população. “Temos a cultura de que o uso de cinto de segurança, principalmente no banco de trás, é desnecessário. Mas as estatísticas mostram a gravidade da situação e que precisamos mudar essa cultura”, diz. A diretora lembra que pessoas sem o cinto no banco de trás podem ser projetadas para frente ou arremessadas para fora dos veículos.
Para destacar a importância do uso do cinto de segurança e da cadeirinha, a SMS, começa, no próximo dia 5, uma campanha educativa sobre os equipamentos de segurança. Direcionada aos pais, a campanha tem como tema Quem não cuida se arrepende. O trabalho será realizado em parceria com a Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT).
O diretor de Educação para o Trânsito da AMT, Senivaldo Silva Ramos, diz que a agência também inicia, após o período eleitoral, seis campanhas educativas. Trata-se de trabalhos voltados aos pedestres, uso do cinto de segurança, bebê conforto, proibição do uso de celular ao volante, respeito à sinalização e prestação de contas. Ele diz que cerca de 40% das infrações estão relacionadas ao uso de celular e desrespeito à sinalização.

Senivaldo declara que os acidentes de trânsito têm de ser tratados como questão de saúde pública, pois está no topo da lista de causas de mortes dos brasileiros – segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito, os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. “Além das mortes, que é o mais grave, isso gera despesa para o governo, provenientes dos atendimentos em unidades de saúde”, salienta.

Poucos motoristas aderem ao dia sem carro
Marília Assunção
Ainda não há um balanço sobre a única iniciativa para desestimular o uso de carros em Goiânia, ontem, no Dia Mundial Sem Carro, mas não há expectativa boa sobre a adesão. Uma das cidades brasileiras que apoiaram a campanha, em Goiânia só houve um gesto público para ela: desconto de 50% no Citybus.
O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Marcos Massad, afirmou que o balanço sairá hoje, mas reconheceu que a iniciativa foi tímida. “Foi uma ação em cima da hora”, disse. Nem mesmo a Agência Municipal de Trânsito, Mobilidade e Transporte (AMT) aderiu à campanha, como já ocorreu no passado – em 2001 Goiânia foi a primeira entre oito cidades que participaram, e nos dois anos seguintes continuou como uma das18 e, depois, das 30 cidades, respectivamente, que estimularam a população a não usar carros de passeio por um dia. A assessoria de imprensa da AMT informou que a adesão chegou a ser pensada com a proibição de tráfego de carros em áreas do Centro e Campinas por um dia, mas a ideia não avançou “para não criar polêmica”.
Antenor Pinheiro, presidente do Conselho Estadual de Trânsito e ex-superintendente da AMT lamentou que há vários anos Goiânia não participa da campanha. “Este é um movimento de quem administra as cidades.”

O Popular – Wanessa Rodrigues //

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