60% das rodovias em estado crítico.
Os trechos das rodovias goianas pavimentadas que estão afetados pela falta de manutenção se aproximam de 60% da malha viária estadual. São 5,8 mil quilômetros de estradas em situação crítica, espalhadas por todas as regiões do Estado. Uma distância que daria para ligar as duas extremidades do País usando o eixo da BR-153: de Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul, até Oiapoque, no Amapá, e ainda sobrariam 506 quilômetros. As informações constam no Plano de Situação e Recuperação das Rodovias Goianas, elaborado pela Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop) depois da série de problemas potencializados pelas chuvas do começo deste ano.
O levantamento foi feito nas últimas duas semanas por uma empresa de consultoria e apresenta uma malha viária praticamente esgotada. Os estragos da falta de cuidados periódicos nas vias alcançam todas as regiões do Estado, o que acarreta transtornos a quem viaja para qualquer lugar de Goiás em pelo menos parte do itinerário. Os problemas são vistos no asfalto, nos bueiros, em erosões margens das pistas e nas pontes.
Com as contas no vermelho, o governo de Goiás estuda formas de financiar as obras de recuperação. A Agetop dispõe de 8,8% do montante estimado para realizar todas as intervenções necessárias: R$ 67 milhões. No entanto, o valor para colocar todas as rodovias pavimentadas em condições adequadas ao uso chega a R$ 757 milhões. “Nosso problema maior é a fonte de recursos, pois as obras demandam valores elevados e que são difíceis de encontrar”, admite o diretor de Manutenção da Agetop, Francisco Humberto Moreira. Esta reportagem abre a série sobre o caos nas rodovias.
As rodovias goianas entraram o ano em estado de calamidade, com sete trechos interditados e dezenas em situação precária, de acordo com o diagnóstico de superfície realizado pela Agetop. O levantamento conferiu as condições de tráfego e as demandas para adequação da infraestrutura em toda malha viária. O POPULAR teve acesso ao documento, que foi entregue aos diretores do Banco Mundial no dia 12 de janeiro durante audiência com o governador Marconi Perillo e com o presidente da Agetop, Jayme Rincon.
Estragos Estradas pavimentadas cujas estruturas estão comprometidas com gravidade somam 278,5 quilômetros. Nesses trechos as intervenções extrapolam o simples recapeamento das pistas. Para restaurá-las, são necessários R$ 90 milhões. Trata-se de pontos em que não houve serviço de preservação, onde não foram seladas as fissuras que aparecem no asfalto geralmente após cinco anos de uso. A falta de manutenção fez com que os trincados e buracos permitissem a infiltração de água até a fundação da estrutura.
Entre as rodovias em piores condições de tráfego estão algumas por onde é transportada boa parte da produção goiana. O pavimento da GO-174, que passa por Rio Verde, praticamente desmanchou, assim como o da GO-184, que liga Jataí ao Mato Grosso do Sul. As mesmas circunstâncias são encontradas ao longo da GO-330, que leva a Catalão.
Outros mil quilômetros estão fatigados, apresentando trincas que podem expor a base do pavimento à ação das águas, considerada uma “inimiga” da engenharia. Porém, estão em condições menos graves que os locais que requerem restauração. Esses trechos precisam ser recapeados, para correção de deformações. A intervenção consiste na recomposição da capa asfáltica e tem custo estimado em R$ 183 milhões, segundo o Plano de Situação e Recuperação das Rodovias Goianas.
Volume de buracos é de 2,5 milhões de litros
Um dos maiores dramas dos motoristas, os buracos nas estradas goianas ocupam um volume de 2,5 mil metros cúbicos. Caso fossem um recipiente, poderiam armazenar 2,5 milhões de litros. Para tapá-los, a Agência Goiana de Transportes e Obras públicas (Agetop) calcula em R$ 169 milhões o valor que deverá ser gasto na execução dos serviços. No entanto, as maiores intervenções previstas no diagnóstico elaborado pelo órgão dizem respeito à selagem de fissuras no asfalto. Ao todo, a quilometragem de trechos com essa demanda ultrapassa 4 mil, metade com selagem em uma camada do pavimento e metade em duas.
Responsáveis pelas interdições das rodovias estaduais neste início de ano, as pontes condenadas, os bueiros estourados e as erosões nas margens das pistas também foram encontradas ao longo da malha viária. São 33 pontes e 18 bueiros em ruínas, além de 26 erosões que comprometem a estrutura do pavimento e colocam em risco a segurança dos motoristas. A restauração dessas estruturas deve custar R$ 33,8 milhões. Ainda devem ser aplicados mais R$ 16,9 milhões para execução de obras especiais, como duplicação de rodovias, construção de pontes e bueiros com engenharia complexa e recuperação de grandes erosões.
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