Mais um acidente com ônibus escolar.
Sete meses após tragédia que deixou saldo de 13 mortos, colisão na GO-320 resulta em 23 feridos, sendo 21 estudantes.
Sete meses após a pior tragédia envolvendo ônibus escolar em Goiás, novo acidente deixa 23 feridos, sendo 21 estudantes entre seis e 15 anos de idade. Em fevereiro, o número de mortos em colisão no município de Iporá chegou a 13 (veja ao lado). Ontem, a colisão entre uma carreta e um ônibus escolar ocorreu entre a GO-219 e a GO-320, no trevo do município de Vicentinópolis, a 161 km de Goiânia, região Sul do Estado. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 17h30, e depois de fazer o atendimento no local, encaminhou os feridos para os hospitais de Pontalina, Morrinhos e Vicentinópolis. Os que apresentavam estado mais grave foram conduzidos para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), dentre eles, o condutor do ônibus, Moacir Kaim, 37, que sofreu traumatismo craniano e fraturou os dois braços.
As crianças e adolescentes na faixa etária entre 6 e 15 anos estudam nas escolas municipais e estaduais da cidade. Eles retornavam para a zona rural, onde residem, com o ônibus cedido pela prefeitura. O automóvel estava na GO-219 sentido Vicentinópolis/Pontalina e a carreta bitrem, com placa de São Paulo, na GO-320 sentido Goiatuba/Edeia. As causas do acidente ainda não foram apuradas, mas de acordo com testemunhas que estavam no local, o transporte escolar não teria respeitado a preferência do outro veículo, passando direto por um sinal de pare. A carreta não conseguiu frear e acertou a lateral do ônibus, que tombou na ilha do trevo. A cidade não possui ambulâncias e, por esse motivo, estas tiveram de ser buscadas em cidades vizinhas como Itumbiara, Goiatuba, Pontalina, Edeia, Indiara e Joviânia. As crianças e adolescentes não usavam cintos de segurança. Moradores relataram que acidentes no local são frequentes.
Em Goiânia
Até o fim da noite de ontem, dez feridos já tinham sido levados para o Hugo, dois em estado grave. Segundo um funcionário do hospital, que preferiu não se identificar, a maioria estava com cortes na boca, e um dos pacientes possuía fraturas expostas. O motorista, Moacir, encontrava-se entubado em estado gravíssimo.
Familiares que acompanharam os pacientes até o Hugo não conseguiam conter o choro e o nervosismo. Em Vicentinópolis, de acordo com a Polícia Militar da cidade, apesar de o local da colisão ter sido parcialmente interditado, pais e amigos queriam furar a barreira e adentrar no local, o que provocou princípio de tumulto.
No último dia 17, vítimas estavam em canoa
No último dia 17, outro acidente envolvendo estudantes deixou dois mortos no município de São Luís do Norte. A canoa em que estavam virou com outros seis estudantes e um adulto no Rio das Almas, perto do distrito de Lavrinhas, distante 245 quilômetros de Goiânia. As outras sete pessoas conseguiram se salvar e passam bem. Os corpos dos estudantes Lucas Alves da Silva, 14, e de Wilson Barbosa Cardoso, 21, foram localizados e resgatados pelo Corpo de Bombeiros. Foram mais de 12 horas de buscas.
Após serem recolhidos, os corpos foram enviados ao Instituto Médico Legal (IML) de Ceres e enterrados. De acordo com a Polícia Militar (PM), a travessia do rio era feita por meio de uma balsa que teve seu uso suspenso para manutenção e reparos. Diante da falta da balsa para fazer a travessia, moradores de uma comunidade que se localiza à margem esquerda do rio improvisaram uma canoa para atravessar. Foi nessa ocasião que a canoa afundou com as sete pessoas, sendo que cinco conseguiram se salvar, mas duas não tiveram a mesma sorte e morreram afogadas. Polícia conseguiu levantar que a embarcação navegava com excesso de peso. Além disso, o número de coletes salva-vidas era insuficiente para todos os ocupantes da canoa. Os bombeiros suspeitam que a água teria invadido a embarcação provocando seu afundamento. Entretanto apenas um laudo pericial poderá apontar os motivos que levaram a canoa a afundar, ocasionando a morte dos estudantes.
Crianças iriam para o primeiro dia de aula
O acidente em Vicentinópolis não é o primeiro com gravidade este ano, em Goiás, envolvendo ônibus de transporte escolar. Em fevereiro, uma colisão na GO-174, próximo a Iporá, entre duas carretas carregadas de soja e um ônibus escolar que levava alunos da zona rural, deixou 13 mortos e outros 30 feridos, totalizando 43 envolvidos no acidente. Entre as vítimas estavam 11 crianças com idade entre 5 e 12 anos, todas moradoras da zona rural de Montividiu, que voltavam do primeiro dia de aula na cidade.
Também morreram no acidente os motoristas do ônibus e de uma das carretas. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, foi a pior tragédia já ocorrida envolvendo crianças em rodovias do Estado.
Segundo a PRE, o acidente aconteceu no Km 62, sobre a ponte do Rio Verdão, distante 10 km de Montividiu, onde o ônibus placa GLY-7910, de Montividiu, que fazia a linha Montividiu-Ponte da Pedra-Assentamentos, retornava de Montividiu com alunos moradores da zona rural da cidade. Mães de alunos acompanhavam o trajeto da escola para casa. Na passagem pela ponte do Rio Verdão, o ônibus colidiu de frente com a carreta, que depois de se chocar na traseira do outro caminhão conduzido perdeu o controle colidindo o veículo com o ônibus lotado de alunos.
Diário da Manhã – Catherine Moraes //