Dinheiro para Av. 85 está parado.


Recursos para implementação da passarela da moda estão disponíveis desde setembro do ano passado.

Mesmo liberados há nove meses, os recursos do Ministério do Turismo para obras de readequação da Avenida 85 continuam engavetados em Brasília. Entraves burocráticos no projeto inicial, desenvolvido em Goiânia e enviado ao governo federal, provocam ainda mais atrasos no início das obras, que prometem eliminar o estacionamento às margens da via, no trecho entre as Avenidas T-9 e T-10, aliviando o trânsito no local.

O projeto denominado Passarela da Moda vai custar pouco mais de R$ 1 milhão e, se não houver novos empecilhos, pode começar a ser executado já no mês de agosto. Estimativa da Agência Municipal de Trânsito (AMT) indica que apenas a parte referente às obras da 85 pode ser concluída em até seis meses, a partir do fim de um processo licitatório, que sequer começou.

Liberado desde setembro do ano passado, o dinheiro não foi revertido em obras por causa de um problema na planilha de custos do projeto. No documento, os valores de serviços e materiais de construção obedeciam a critérios da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), mas o ministério só aceita referência a critérios da Caixa Econômica Federal (CEF).

Por causa da falta de entendimento entre os governos municipal e federal, o projeto inicial, que só foi apresentado em fevereiro (cinco meses depois da liberação dos recursos), ainda está sendo adequado. Apenas depois de finalizadas as alterações é que será dado início ao processo licitatório. A proposta da Passarela da Moda começou a ser cogitada há sete anos.

O único trecho da Avenida 85 que faz parte do projeto é o que fica entre as Avenidas T-9 e T-10. O local é o ponto de maior adensamento comercial de toda a avenida – há cerca de 250 salas e outros estabelecimentos comerciais, em grande parte do ramo de confecção. Por isso, será criada uma zona de estacionamentos em escama, que permitirá que os carros parem no recuo da calçada e, ainda, que a faixa preferencial do transporte coletivo seja completamente desobstruída.

Esta semana, o POPULAR mostrou que nem o pacote de intervenções para o trânsito, anunciado pela Prefeitura, nem as obras feitas nos últimos anos, surtiram efeitos na Avenida 85. A única mudança do pacote feita até agora foi a restrição de conversão à esquerda para acesso à Rua 139. O estacionamento, principal fator que impede que o tráfego de carros e ônibus deslanche, não foi alterado.

Ontem, o presidente da AMT voltou a reconhecer a gravidade do problema. “Se dependesse de mim, já teria tirado (o estacionamento)”, afirmou Miguel Tiago. Na semana passada, o presidente da agência sustentou que estava refém dos comerciantes, que protestam sempre que se pensam medidas restritivas para o único trecho que ainda tem permissões para estacionamento na avenida – cerca de 650 metros em 3,7 quilômetros de extensão.

Ontem, Miguel Tiago disse que a Prefeitura só espera o projeto. “Não proibimos o estacionamento ainda porque é mais prudente proceder com o projeto já existente”, disse. Pensado inicialmente em 2003, a Passarela da Moda completa, no final de 2010, sete anos sem uma previsão clara para sair do papel. À época, a ideia era dar melhor fluidez ao tráfego de veículos mas, sobretudo, ampliar a capacidade de circulação de pedestres (leia box nesta página). Agora, os principais pontos do projeto estão voltados para o trânsito.

Plano prevê alteração em estacionamentos
O plano de readequação do trecho da Avenida 85, entre as Avenidas T-9 e T-10, prevê mudanças em estacionamentos, calçadas, fluxo de veículos e até paisagismo. A principal alteração será a eliminação do estacionamento, da forma como existe atualmente, para dar lugar à faixa preferencial para veículos do transporte coletivo.

Seria uma solução paliativa para o trânsito congestionado da Avenida 85, pois eliminaria um gargalo importante no trecho. Especialistas em trânsito sustentam, no entanto, que a solução efetiva depende de um transporte público eficiente e corredores exclusivos para os ônibus.
O presidente da Associação Comercial da Avenida 85, Leonardo Silvério, diz que os empresários da região reconhecem que não é mais possível manter as faixas de estacionamento da maneira como estão. Contudo, Leonardo afirma que também não é possível excluir os locais de parada, uma vez que implicaria em uma drástica redução no movimento de compradores. “Mataria o comércio na região”, concluiu.
Como na região não é possível fazer o chamado looping de quadra, não serão fechadas as conversões à esquerda. No lugar das que dão acesso à Rua 137 e Avenida 136 serão colocados semáforos e um recuo para dentro da ilha para que os carros que forem virar não atrapalhem os que seguem na via principal, explicou o diretor de Projetos de Trânsito da Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT), Cirso Augusto de Oliveira.

Presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás, Pedro Bittar disse que a Passarela da Moda na Avenida 85 servirá de modelo para outras regiões da cidade.
Orçado em cerca de R$ 12 mil, o projeto foi custeado pela Associação Comercial e Industrial da Avenida 85. Serão implementadas calçadas temáticas, acessíveis a pedestres e deficientes físicos. De acordo com o deputado estadual Luis César Bueno, as modificações que serão feitas visam explorar o turismo de negócios na região.

No pacote de recursos liberados pelo Ministério do Turismo há mais R$ 9 milhões a serem aplicados em avenidas do Centro e de Campinas e em 10 parques.

NA HISTÓRIA
Projeto não saiu do papel
A primeira etapa da chamada Passarela da Moda deveria ter ficado pronta em meados de 2004, logo após o início das modificações anunciadas na Avenida 85 em dezembro do ano anterior. À época, a Associação Comercial e Industrial de Goiás (Acieg) informou que projeto estava pronto e seria executado numa parceria entre poder público, responsável pela construção, e iniciativa privada, responsável pelo financiamento. Praticamente nada saiu do papel.

Centradas no trecho entre as Avenidas T-9 e T-10, no Setor Marista, as mudanças tinham como principal objetivo facilitar a circulação dos pedestres pelas calçadas. Já o trânsito de veículos não sofreria muitas alterações. No plano atual, o foco está voltado para o fluxo de carros, que fica estagnado por causa das conversões e estacionamentos na região, que obstruem a passagem de veículos em todos os horários.

Ainda, no projeto de 2003, obstáculos (como degraus) seriam retirados da via de passeio público. Informações da Secretaria Municipal de Trânsito (anterior à AMT) indicavam que nas calçadas ao longo de toda a avenida existiam mais de 2 mil obstáculos ao pedestre como degraus, escadas e buracos.

 

O Popular – Adriano Marquez Leite //



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