Especialistas destacam conhecimentos adquiridos com acidente radiológico

Especialistas que atuaram diretamente no atendimento às vítimas do Césio 137 e no processo de descontaminação de Goiânia participaram, na manhã desta terça-feira, 26 de setembro, da Conferência Internacional Rádio 2017. O evento, que tem como tema central Goiânia 30 Anos Depois – Compartilhando Experiências, está sendo realizado no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia, erguido na mesma área que abrigava a antiga Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e o Instituto Goiano de Radioterapia, de onde o aparelho com a cápsula de Césio 137 foi retirado.

Durante o evento também foi lançado o livro “Os Bastidores do Césio 137 – o acidente radiológico sob a ótica dos profissionais que nele atuaram”, de autoria da psicóloga Suzana Helou. A psicóloga trabalhou diretamente na assistência às vitimas do desastre e, desde então, está lotada no Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), unidade anteriormente denominada Superintendência Leide das Neves Ferreira. Na obra, ela relata os desafios e preconceitos enfrentados pelos profissionais de diversas áreas em proporcionar o melhor atendimento possível às pessoas que viveram, no corpo e na alma, o drama do acidente.

Mesa redonda

As personalidades que atuaram por ocasião do acidente radiológico participaram da mesa redonda Conhecimento de Radioproteção – Goiânia e lições aprendidas. Participaram desta discussão a médica oncologista Maria Paula Curado, ex-presidente da Fundação Leide das Neves Ferreira; o físico Walter Mendes; o engenheiro da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Alfredo Tranjan, e o presidente da Cnen na época do acidente, Rex Nazaré. Todos foram enfáticos em afirmar que apesar do drama que causou, o desastre radiológico teve o mérito de proporcionar o avanço do conhecimento nas áreas da física, da medicina e da radiologia, entre outras. A capital de Goiás, conforme afirmaram, se transformou na época em uma “grande sala de aula”, um laboratório no qual todos os que se envolveram tiveram a oportunidade de aprender e aprofundar suas experiências.

Por meio de videoconferência, Maria Paula Curado acentuou que o acidente radiológico deixou, sobretudo, marcas psicológicas nas vítimas. A médica desenvolveu um dos trabalhos importantes de acompanhamento e assistência às vítimas do Césio 137 e realizou um estudo científico detalhado da situação de cada membro dos três grupos formados pelas pessoas envolvidas, dependendo do nível de radiação. A pesquisa, conforme disse, mostrou que a radiação, em longo prazo, não levou ao surgimento de casos de câncer. Não há, conforme Maria Paula Curado, evidências do aumento de casos da doença na população da capital.

Na avaliação do físico Walter Mendes, o acidente radiológico deixou uma série de lições que contribuíram para o aprimoramento da tecnologia e para a forma de atuar em situações de desastres. Independente disso, o acidente que marcou Goiânia gerou medo, prejuízos sociais e sequelas psicológicas. Alfredo Tranjan, da Cnen, assinalou que o episódio relacionado ao Césio 137 colocou Goiânia em evidência em todo o mundo. A ação de desintoxicação, conforme disse, representou um grande desafio para as equipes que vieram de outros estados para a capital de Goiás.

O presidente da Cnen à época do acidente radiológico, Rex Nazaré, enalteceu o trabalho dos gestores e profissionais locais, como a médica Maria Paula Curado. Destacou, ainda, que o processo de descontaminação em Goiânia durou 45 dias. Após este período, a cidade estava completamente descontaminada.

Serviço

27/09, às 13h45: Mesa “Abordagem multiprofissional de saúde para radioacidentados” – mediadores Quimarques Cassemiro Santos (SES-GO) e André Luiz de Souza (Diretor C.A.RA)

29/09, às 8h30: Mesa “Situação Radioacidentados – Como está Goiânia hoje?” – mediadores Marcos do Amaral (SBR) e Irani Ribeiro (SES-GO)

Governo na palma da mão

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