Semana da Prematuridade sensibiliza pais e colaboradores sobre crianças que nascem antes do tempo

Por mais ansiosos que os pais fiquem à espera do nascimento do filho, ninguém deseja que ele chegue antes das 37 semanas, tempo mínimo necessário para o seu desenvolvimento completo dentro do útero.

Por mais ansiosos que os pais fiquem à espera do nascimento do filho, ninguém deseja que ele chegue antes das 37 semanas, tempo mínimo necessário para o seu desenvolvimento completo dentro do útero. Contrariando essa expectativa, o nascimento antecipado é mais comum do que se imagina. O Hospital Materno Infantil (HMI) e a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) realizam de 13 a 17 de novembro (segunda a sexta-feira), a Semana da Prematuridade para sensibilizar colaboradores, pacientes e sociedade em geral sobre as formas de evitar partos prematuros, os cuidados a serem tomados no caso de bebês que nascem de forma precoce, e a desmistificação da antecipação do parto. O encontro ocorrerá nas duas unidades com programações variadas ao longo dos dias.

O evento será realizado em prol do Dia Mundial da Prematuridade, comemorado em 17 de novembro, e também conhecido como Dia Mundial da Sensibilização para a Prematuridade. A data foi data criada para chamar atenção de um problema que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge em média 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. No Brasil, dados da pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgada em 2015, mais de 12% dos nascimentos acontecem antes da gestação completar 37 semanas. Isso significa que 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia. O Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde (MS), ainda atesta que a estatística mundial é de que a cada dez crianças nascidas, uma é prematura, representando 10%. Porém, no HMI, esse tipo de nascimento corresponde a cerca de 40% dos partos realizados. O alto índice é explicado pelo fato do hospital ser especializado no atendimento a casos de média e alta complexidade para a mãe e para o bebê.

Para a diretora técnica do HMI e da MNSL, Sara Gardênia, a prematuridade é um tema que deve ser amplamente discutido. “O intuito do evento é evidenciar a importância de um acompanhamento pré-natal adequado e uma assistência médica efetiva aos bebês prematuros”, destaca. Outro foco é aumentar a visibilidade sobre o assunto ao desmistificar a ideia de que todos prematuros têm complicações durante o desenvolvimento e crescimento. “A linha de cuidados progressivos neonatais no HMI oferece todo o suporte necessário, além de garantir atenção integral e humanizada ao bebê prematuro, buscando igualar o desenvolvimento com o das outras crianças”, relata.

Depois do nascimento precoce, o que mais agrava a situação dos bebês é a imaturidade de alguns órgãos, como pulmão, rins, sistema de defesa do corpo, intestino e coração. Há bebês que nascem pouco prematuros (a partir de 34 semanas) e têm maiores chances de sobreviver e ter menos complicações. Em casos assim, quando atingem 2 kg, em média, vão para casa. No entanto, existem situações mais extremas (com menos de 33 semanas), cujo recém-nascido pode precisar de um tempo maior de internação e reabilitação. Em casos assim, a ansiedade dos envolvidos  toma o lugar da expectativa. O estado emocional das famílias, principalmente das mães, que passam por mudanças psicológicas e físicas durante toda a gravidez, é outra preocupação do HMI e MNSL, que contam com profissionais capacitados para ajudá-los a enfrentar a situação.

A coordenadora da psicologia da unidade, Suely Faria, explica que os seres humanos lidam mal com a antecipação de projetos. “A expectativa de gerar um bebê saudável interrompida pela notícia do parto prematuro faz com que a mulher coloque em questão as qualidades dela enquanto mãe. Normalmente, percebe-se maior fragilidade nos pais do que nos próprios bebês, pois eles idealizam apresentar ao mundo o recém-nascido logo no primeiro dia de vida, e nessas situações o sonho é frustrado. Esses pais lidam com sentimentos de impotência, angústia e temor cotidianamente”, detalha a psicóloga.

Prematuridade em fotos – Pela primeira vez, a Semana da Prematuridade do HMI apresenta a exposição fotográfica “Milagre em Foco” para sensibilizar profissionais da saúde e a população acerca de bebês que nascem antes do tempo. As 12 fotos selecionadas para a exibição foram feitas pelos próprios colaboradores do HMI durante a rotina de trabalho no hospital, retratando a beleza do nascimento e da luta dos pequenos para se desenvolverem e sobreviverem. A exposição será realizada em duas etapas. De 13 a 17 de novembro (segunda a sexta-feira), as fotos ficarão expostas no HMI e de 26 a 30 de novembro (domingo a quinta-feira), os registros estarão expostos na MNSL.

Programação – Em consequência da fragilidade que tantas famílias vivenciam nesse período, a Semana da Prematuridade do HMI e MNSL também chamam atenção para a humanização do atendimento oferecido às crianças que nascem antes do tempo. Para esclarecer sobre o tema, a psicóloga Suely Faria irá ministrar no dia 13 de novembro (segunda-feira) a palestra “A família prematura”, às 10h, no auditório do HMI, quando irá discutir sobre a relação de pais e filhos. Suely afirma que o contato olho no olho e pele na pele é fundamental para estabelecer a sustentação do vínculo futuro entre a criança e a família.  “No nosso imaginário existe o mito do amor materno, como se a mulher grávida já fosse mãe e, na realidade, a maternidade se constrói a cada dia no contato com o bebê. De fato, nós temos um sentimento de autoproteção inerente à espécie, como todos os outros animais, mas o amor é uma construção que vem depois”, completa.

Em sua segunda edição, a programação elaborada pelo HMI em prol da causa destaca a dinâmica “Vivência dos Sentidos”, que será abordada na quinta-feira (16 de novembro), às 9h, na MNSL. O objetivo é compreender como o bebê prematuro se sente a partir dos inúmeros estímulos que são lançados no ambiente. “Vamos vendar os olhos e produzir estímulos positivos e aversivos em todos os participantes. Os estímulos serão pautados nos cinco sentidos – audição, visão, olfato, tato e paladar – e ao final discutir sobre a experiência vivida e sensibilização”, explica a psicóloga que irá coordenar a dinâmica, Thatiany Christina Rodrigues Ikeda.

Já a obstetra do HMI Luiza Emylce P. Rosado ministrará aula sobre a importância do pré-natal para evitar o nascimento prematuro, às 9h30min do dia 16 de novembro (quinta-feira), no auditório do HMI. Para a literatura médica, o parto antecipado pode, em grande parte, ser prevenido com um pré-natal realizado de forma adequada desde o início da gestação, e por isso, a importância do esclarecimento da temática. Outro destaque do dia é a palestra que será apresentada pelo professor doutor em Perinatologia da Universidade Católica de Brasília, Paulo Margotto, que atualizará os presentes acerca da Neonatologia, às 19h30min, ambas no auditório do HMI.

Dia D – No dia D da Semana da Prematuridade, 17 de novembro (sexta-feira), às 10h, o grupo Guerreiros e Guardiões, formado pela equipe assistencial e de apoio do HMI e MNSL, colaboradores, mães e ex-prematuros, Missão Sorriso, Projeto Bebê Canguru e Grupo de Cosplays de Goiânia, fará uma caminhada de conscientização saindo do HMI e seguindo até o Lago das Rosas, no setor Oeste, animados pelo repertório musical da Fanfarra Banda Triunfo, da Polícia Militar Mirim. Na ocasião, todos estarão com camisetas personalizadas da Semana da Prematuridade. O encontro será marcado pela soltura de balões de gás hélio roxos, cor símbolo da campanha, formando uma nuvem de balões pelo céu. A expectativa é que mais de 200 pessoas participem da ação.

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