Por Luiz Alberto Maguito Vilela
Advogado, Ex-Deputado Estadual e Federal, Ex-Governador do Estado de Goiás, Ex-Senador da República e Ex-Prefeito de Aparecida de Goiânia
Não há maior satisfação para um homem público do que o seu envolvimento na transformação da vida das pessoas. Promover inclusão social quando o tema sequer figurava entre as prioridades administrativas do país há mais de 20 anos. Esse é o sentimento que me vem à cabeça ao revisitar os principais eixos do plano de governo executado entre 1995 e 1998. Poucos acreditavam, naquele momento, ser possível implantar um programa de segurança alimentar, com foco na redução da desigualdade social, sem comprometer a manutenção dos investimentos em infraestrutura de governos anteriores. O tempo provou que estávamos no caminho certo.
A nova política de industrialização do Estado, a partir de condições técnicas e incentivos fiscais para instalação de empresas, caminhou em sintonia com o Programa de Atendimento às Famílias Carentes, levando dignidade a cerca de 150 mil residências goianas, um universo de quase meio milhão de pessoas. Isso explica expressões exaustivamente utilizadas na gestão como “progresso em dobro” e “solidariedade humana”, afinal era prioritário não só combater a pobreza, mas paralelamente promover a geração de empregos. Essa combinação resultou, na prática, em um cenário de crescimento econômico – 70% acima da média nacional – com justiça social.
Nosso plano de governo alertava para propostas elaboradas com os pés no chão, porém revestidas de coragem. Optamos por ousar, ir além, aproveitando a estabilidade econômica do país em decorrência do Plano Real e do apoio ao programa de segurança alimentar por parte de personalidades expressivas, entre elas o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A distribuição de pão, leite e cestas básicas a pessoas carentes trouxe incremento de renda aos comerciantes locais. E não parou por aí: a exigência da apresentação do cartão de vacina e da frequência escolar dos filhos para ter acesso ao programa proporcionou um ganho incalculável nas áreas da saúde e da educação.
O salto no desenvolvimento regional não ficou restrito às áreas mencionadas. Cumprimos na íntegra o que estava previsto no documento, destinando volumosos recursos para investimentos em transportes, energia elétrica, água tratada com saneamento básico e incentivo à prática esportiva. Municípios de médio porte foram beneficiados com a criação de distritos agroindustriais, despertando a atenção de dezenas de novos investidores. Goiás assumiu o protagonismo na geração de empregos da região Centro-Oeste. O divisor de águas, neste sentido, foi a instalação da empresa Perdigão em Rio Verde, uma conquista que atraiu os olhares do empresariado e da mídia nacional.
Ninguém faz nada sozinho nesta vida. Por isso serei eternamente grato aos auxiliares de governo e à população de Goiás por terem acreditado numa proposta diferenciada de gestão: solidária, participativa e moderna. A semente plantada naqueles quatro anos continuou sendo regada por décadas, independente do mecanismo utilizado para reduzir desigualdades sociais no estado e no país. Muitos enxergam o plano de metas como uma peça fictícia, um calhamaço de papel elaborado por tecnocratas distantes da realidade. Ainda bem que há exceções. Cumprimos o objetivo de simplificar e inovar a prática administrativa. Justiça social não é utopia.