Por Irapuan Costa Júnior
Engenheiro, ex-Prefeito de Anápolis, ex-Deputado Federal e ex-Governador de Goiás.
A administração pública em Goiás enfrentava, na década de 1970, desafios com extensões hoje inexistentes: O estado do Tocantins não fora ainda criado, e fazia parte do estado de Goiás. Isso levava a que as demandas por infraestrutura e serviços sociais fossem bem maiores do que hoje, mutatis mutandis. A área que no futuro seria o Tocantins era ainda pouco povoada, com grandes distâncias a separar as sedes municipais, a pedir recursos de vulto na abertura e conservação de estradas, linhas de transmissão e comunicações. Vivíamos em todo o Estado a expansão da fronteira agrícola e a implantação de novas culturas e modernização das pastagens, o que permitiria um aproveitamento melhor das áreas de cerrado, predominantes na superfície do então Goiás. Tal fato trazia também exigências complementares ao setor público, quer na pesquisa agropecuária, quer na assistência técnica ao produtor rural, sanidade animal, ou apoio a atividades meio, como armazenagem de grãos. A produção agrícola era crescente, o rebanho bovino um dos mais expressivos do Brasil. Havia além disso uma demanda cada vez maior, das classes produtoras e dos meios acadêmicos, por uma industrialização que através de uma agregação de valores, melhorasse a renda interna goiana. O setor primário dominava a economia, e nele o mineral também crescia de importância, o que vinha em socorro do clamor pela industrialização. Por outro lado, a inevitável escassez de recursos, agravada pelo chamado Primeiro Choque do Petróleo, impunha a necessidade imperiosa de exercer a criatividade para conciliar o necessário e o possível. Havia que se eleger prioridades. Planejar, mais que nunca, era preciso, pois só assim poderíamos distribuir os resultados da arrecadação tributária pelas áreas mais necessitadas e que atendessem maior número de pessoas. Foi com esse espírito que reunimos uma equipe logo que eleitos pela Assembleia Legislativa, e nos debruçamos sobre um plano de governo para aprontá-lo antes do início do mandato, que era de 15 de março de 1975 a 15 de março de 1979. De saída, foram recrutados seis técnicos, que tinham trabalhado conosco na presidência da CELG – Centrais Elétricas de Goiás S.A. e na Prefeitura de Anápolis. Cerca de duas dúzias de outros técnicos participariam da feitura de um plano de governo, baseado em extensa pesquisa sobre os fatores de produção estaduais e sua participação na evolução socioeconômica de Goiás. O documento inicial, com uma extensão de mais de mil páginas foi condensado em outro menor, com cento e setenta páginas, que intitulamos DIRETRIZES GERAIS E SETORIAIS DA AÇÃO DO GOVERNO IRAPUAN COSTA JUNIOR. Os demais estudos foram publicados sob forma de anexos. Eram os seguintes esses seis coordenadores iniciais: José Navarrete Fernandes; Nelson Bose; Humberto Ludovico de Almeida Filho; Wander Jesus de Souza; Jesus Mattos Medeiros e Zionan Mascarenhas. Os anexos somavam onze volumes, com uma coleção de dados sobre Goiás que somente haviam sido reunidos, em tal extensão, quando do plano de governo de Mauro Borges, o famoso PLANO MB. Assinavam esses estudos:
Cuidadoso no levantamento de dados, o estudo propunha algumas metas ambiciosas, mas factíveis, desde que se tivesse, como de fato se teve, apoio do Governo Federal. Elas aparecem no capítulo terceiro do DIRETRIZES com o título de Objetivos e Metas da Política Econômica e Social e aparecem no fim do volume em gráficos ilustrativos. Entre elas destacavam-se aumentar em 75% o produto do setor primário e triplicar o produto do setor secundário, responsável até então por cerca de apenas 9% do emprego no estado. Os aumentos na infraestrutura, principalmente transportes e energia elétrica, evidentemente estavam projetados para atender a esse crescimento. Ao final do período abrangido pelo planejamento, ou do mandato de Governo, para citar alguns dos resultados obtidos, a oferta de energia elétrica no estado havia mais que dobrada, pela ampliação da geração da usina de Cachoeira Dourada e havia sido implantado o Distrito Agroindustrial de Anápolis, entre outras metas alcançadas, importantes para o futuro de Goiás.