Programa Araguaia Vivo 2030 produz três filmes que serão lançados no FICA com apoio da Fapeg

Os audiovisuais serão apresentados no dia 14 de junho, às 14 horas, no Cine Teatro São Joaquim, na cidade de Goiás, na Sessão Araguaia Vivo, que faz parte das programações do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental

Três produções audiovisuais inéditas, frutos do Programa Araguaia Vivo 2030, ganham as telonas e serão lançadas durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que acontecerá de 10 a 15 de junho, na cidade de Goiás. Um dos maiores festivais com temática ambiental do Brasil e do mundo, que neste ano traz como tema Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima, inclui na sua programação a Sessão Araguaia Vivo para apresentar o documentário “Expedição Araguaia” e as animações “A lenda da Serra das Areias” e “Florinha do Cerrado”, no dia 14 de junho, às 14 horas, no Cine Teatro São Joaquim.

Para além dos muros da academia, a participação na programação do festival possibilita um maior alcance dos trabalhos científicos junto ao público geral, estudantes, críticos e profissionais do audiovisual. É uma oportunidade de mostrar as pesquisas científicas e inovadoras realizadas no Programa Araguaia Vivo 2030 por meio das ferramentas que o audiovisual pode proporcionar. Com histórias que unem conhecimento, sensibilidade e engajamento, os lançamentos reafirmam o papel do cinema como mediador entre ciência, meio ambiente e sociedade.

Gerando frutos

Para a coordenadora-geral do Programa Araguaia 2030 e professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mariana Pires de Campos Telles, “será um momento simbólico extremamente importante para mostrar para o mundo a grandeza que é o Rio Araguaia e a importância de juntar nossa força de trabalho científico com a comunidade e, de mãos dadas, de fato mudar a perspectiva de conservação e uso sustentável da região da bacia do Rio Araguaia e incentivar, inclusive, a diversificação de rendas para as comunidades locais para além da época de pesca”.

Ela ressalta o trabalho de capacitação que está sendo executado junto aos atores locais em algumas atividades, como turismo, pesca e turismo de observação de aves. “A ideia é envolver a população da região para conseguirmos mudar um pouco essa ligação com a questão da biodiversidade e da conservação dos recursos hídricos. Afinal de contas, eles são os principais atores relacionados ao uso cotidiano da região e estamos conseguindo bastante conexão e participação da comunidade local. Tudo isso será mostrado no Expedição Araguaia”.

O Programa Araguaia 2030 tem como objetivo enfrentar desafios ambientais urgentes relacionados à gestão dos recursos hídricos na bacia do rio Araguaia que possui uma extensão aproximada de 380 mil quilômetros quadrados. A iniciativa busca preservar — e, quando necessário, restaurar — os ecossistemas fluviais e as florestas que os circundam, diante das crescentes ameaças globais à biodiversidade de água doce. O programa é uma iniciativa da Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA) executado com o apoio financeiro de cerca de R$ 16 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e reúne esforços de pesquisadores de 23 instituições de pesquisa, públicas e privadas, distribuídas por diferentes regiões do país, com ênfase nas de Goiás. Já somam mais de 200 pesquisadores, entre bolsistas e voluntários desenvolvendo atividades, desde julho 2023 e que prosseguirão até julho de 2026, quando se encerra o primeiro ciclo.

O programa busca estabelecer uma base científica robusta para orientar o desenvolvimento sustentável no rio Araguaia; integrar comunidades e líderes locais, aplicando Educação Ambiental e a “Ciência Cidadã” para aprimorar o ambiente e compreender percepções; promover informações essenciais às autoridades locais para aprimorar o manejo e a tomada de decisões na região; e divulgar as descobertas científicas de modo acessível, visando alcançar e informar um público variado. Consiste em 11 atividades interligadas, abrangendo pesquisa em diversas áreas, educação ambiental, inovação tecnológica e conservação. Essas atividades visam fornecer informações para uma melhor gestão e conservação dos recursos naturais, incluindo água e florestas, promovendo o desenvolvimento sustentável na região.

Expedição Araguaia

Dirigido pela professora Thais Rodrigues Oliveira, coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e pela professora Mariana Telles, o documentário Expedição Araguaia, de 19m e 25s, foi filmado em fevereiro de 2025, durante uma expedição organizada pelo Programa Araguaia Vivo 2030 em parceria com o PPBio Araguaia (Programa de Biodiversidade financiado pelo CNPq e executado pela PUC Goiás). A expedição percorreu diferentes trechos da bacia do rio Araguaia a bordo de um barco-hotel, com objetivos de coletar dados, estudar e monitorar a biodiversidade do rio Araguaia, avaliar impactos ambientais e dialogar com comunidades locais.

A professora Thais foi convidada pelas professoras Mariana Telles (PUC Goiás e UFG) e Andreia Juliana Caldeira e Juliana Simião, ambas da UEG, para integrar a equipe de uma das Atividades do Programa Araguaia Vivo, como pesquisadora voluntária. A tarefa da professora Thais na expedição foi contribuir com a transformação de dados, pesquisas e descobertas científicas em narrativas audiovisuais que pudessem conectar o conhecimento produzido na universidade de forma mais acessível para o público em geral. “Temos uma produção científica de altíssima qualidade em Goiás, e é fundamental dar visibilidade a isso. E neste sentido, o audiovisual pode ser uma ferramenta poderosa para aproximar ciência da sociedade. Mostrar o valor das nossas pesquisas por meio do cinema é uma forma de inspirar, educar e fortalecer a relação entre universidade, meio ambiente e sociedade”, diz ela.

Florinha do Cerrado: uma flor protagonista

As duas animações foram finalizadas em maio deste ano e trazem à tona o poder da arte na educação ambiental. A animação “Florinha do Cerrado” (7 min) nasceu como um projeto multidisciplinar da UEG, e agora ganha vida na tela sob direção de Charles Lima, Andreia Juliana Rodrigues Caldeira e Josana Peixoto. Voltado ao público infantojuvenil, o filme conta a história da florzinha de ipê-amarelo Sara e suas amigas abelhas, Déia e Jô, que partem numa missão para proteger o Cerrado e suas espécies ameaçadas. O filme busca ampliar o conhecimento sobre a flora e a biodiversidade do Cerrado – um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta- estimulando a conservação através da arte, audiovisual e educação.

Mais do que uma animação, “Florinha do Cerrado” integra um projeto educativo que inclui livros, jogos e materiais didáticos, e oferece formação a professores da rede básica de modo a envolvê-los na necessidade de inserir as temáticas do Cerrado e da sua flora no cotidiano do ensino. “Nosso objetivo é inserir o Cerrado no cotidiano escolar, valorizando o bioma e promovendo letramento científico desde cedo”, explica a professora Andreia, também autora da coletânea educativa que originou a animação. A professora Andreia explica que a proposta é construir uma educação emancipatória, baseada no letramento científico e na valorização do território.

O filme tem como objetivo divulgar e sensibilizar a sociedade sobre a importância da valorização da vegetação nativa do Cerrado, por meio de uma abordagem artística, educativa e ambiental. Na rede de ensino de Aruanã já foi iniciado um trabalho de educação ambiental com o livro da Florinha do Cerrado, dentro do contexto do Programa Araguaia Vivo, com bastante engajamento da comunidade.

Já dando um spoiler, a sinopse conta que Sara, uma destemida flor de ipê-amarelo-do-cerrado e suas amigas Déia e Jô, duas abelhas, movidas pela coragem e pela vontade de fazer a diferença, embarcam em uma importante missão: a expedição “Florinha do Cerrado”! Com alegria e curiosidade essas típicas cerradeiras visitam diversos lugares e encontram uma variedade de espécies, buscando conhecê-las e entender os impactos ambientais que ameaçam o Cerrado, refletindo sobre caminhos para sua preservação. Assim, com pétalas douradas que brilham como o sol, a florzinha de ipê-amarelo-do-Cerrado, a destemida Sara e suas valentes amigas abelhinhas— Déia e Jô, espalham um sopro de esperança pelo Cerrado, esse bioma incrível que está pedindo ajuda. Então, que tal embarcar no folhamóvel e se juntar à Sara, Déia e Jô nessa missão de proteger o Cerrado da extinção?

“É uma grande honra levar nossa animação para ser exibida dentro de uma sala, onde grandes nomes da ciência e do cinema estiveram fazendo cultura. Além disso, é uma oportunidade para refletirmos sobre as riquezas naturais, sociais e culturais do Cerrado, bioma- território este, muitas vezes negligenciado em produções de grande alcance. Possibilita ouvir as narrativas locais, fortalecendo a identidade regional do Cerrado no debate global sobre meio ambiente e cultura. É uma oportunidade ímpar para levar à sociedade o projeto e a flora do Cerrado, de modo a contribuir para o conhecimento botânico, trabalhado de forma lúdica e interativa, proporcionando a sensibilização socioambiental e científica, assim como movimentos de defesa, proteção e conservação do Cerrado”, destaca a professora Andreia Juliana, uma das autoras da coletânea e coordenadora de uma das atividades do programa Araguaia Vivo.

A Lenda da Serra das Areias

A Lenda da Serra das Areias também e dirigido por Thais Oliveira, junto com Larissa Melo. O projeto teve fomento da lei Paulo Gustavo de Aparecida de Goiânia e apoio do Programa Araguaia Vivo 2030 para divulgação. “Nesta segunda animação, de oito minutos, misturamos a magia do folclore com a preservação do cerrado para conscientização das crianças”. No filme a personagem Vetera é uma menina que adora ouvir as histórias que sua avó conta, sobre os seres mágicos do folclore. Um dia, durante um passeio de bicicleta nas trilhas da Serra das Areias, Vetera se encontra com esses seres e aprende como pode ajudar a preservar o cerrado.

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